Matriz Buenos Aires

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sábado, 4 de dezembro de 2010

Falando um pouco sobre oração. Parte II

            O segundo passo muito importante é, assim como o silencio na oração, pedir a unção do Espírito Santo para sermos sensíveis a voz de Deus tanto nos momentos de oração, como nos contatos com a Palavra de Deus escrita, nos Sacramentos e até no cotidiano. Na medida em que nos aprofundamos em escutar e silenciar para o Senhor falar, o Espírito Santo vai aguçando nossa sensibilidade para percebermos a sua Voz em todas as nossa práticas de espiritualidade e inclusive nos mais diversos acontecimentos de nossa vida. Lembro agora de tantas vezes que reclamava em minha vida sobre acontecimentos que não gostava ou não concordava e gritava e reclamava, não sei se você já se percebeu agindo como uma criança mimada, mas somos exatamente assim, pois não temos em nós a sabedoria, e a sabedoria só está naquele que consegue escutar as intimidades do nosso Deus. Deixe sua sensibilidade ser trabalhada pelo Espírito Santo, em suas orações clame esta graça e escute o que o Senhor tem para lhe falar sobre este assunto, pois muitas vezes nossa oração vai por um caminho, quando nossa prática vai por outros, por vezes opostos àquele orado.
            Entenda algo muito importante, quando digo que peçamos ao Espírito que nos torne sensíveis não quer dizer que nós não somos sensíveis, ou éramos. Acontece que todo ser humano, vivendo nos tempos de hoje, em contato constante com o mundo moderno em suas dimensões, como meios de comunicação, culturas de massa, alimentação e vestuário, entre tantas, vem sofrendo gradativamente a perda de sua sensibilidade humana. Posso dizer que as pessoas estão deixando de ser humanas, pois duas fortes características suas são capacidade de pensar e raciocinar, ou seja, a razão, e a outra é a capacidade de sentir, de si compadecer, de amar. É urgente a necessidade de clamar ao Santo Espírito a restauração de nossa sensibilidade, a restauração do ser humano, no sentido mais profundo de ser aquele que expressa a maior beleza do próprio Deus, seus filhos. Temos neste ponto um dos principais problemas de nossa oração e vida espiritual, estamos sendo treinados para não sentir, para não escutar, para não entender, para não ser humano. É solapada a nossa inteligência e sensibilidade, e somos lançados no poço dos instintos. Perceba em que armadilha fomos colocados, quando falam por aí de sentimentos ou de sensibilidade, falam sobre satisfações físicas como prazer ou os sentidos. Hoje, as pessoas não amam, elas gostam. Facilmente as pessoas dizem “estou feliz”, quando estão alegres ou eufóricas, dizem que aprenderam quando na verdade decoraram, ou afirmam “isto é falta de sexo” quando se percebem tristes ou meio pra baixo. Veja, euforia, alegria e prazer são percebidos pelo corpo através daqueles sentidos estudados na escola, enquanto compaixão, misericórdia, amor, perdão etc. passam pela inteligência, pelo córtex cerebral, passam pela capacidade de pensar e sentir, estamos falando daquilo que nos diferencia dos animais, a mente e o espírito.
            Dizia que está aqui um grande problema em nossa oração. Como nos acostumamos à utilização exagerada dos sentidos como escutar muita música o tempo todo, alta, até para dormir ou estudar, por exemplo, ou como temos visto muitos casos na juventude onde se escuta música, assiste filme, estuda, joga, namora, come e malha, tudo ao mesmo tempo, desenvolvemos desequilibradamente nossos sentidos e atrofiamos nossa capacidade de concentração, de atenção, de interiorização, de silêncio, de pensar, de sentir interiormente, de criar valores e vínculos afetivos, e de perceber e conhecer além do olhar, o sentido da visão. Conhecemos, mas não sabemos, vemos, mas não enxergamos, usamos, mas não valorizamos.
            É por aquelas razões que, quando você para e vai rezar, não consegue. O barulho parou nos ouvidos, mas na mente não. As imagens não estão mais nos olhos, mas estão bombardeando a sua pobre memória. O corpo está completamente parado, mas o coração está batendo ao máximo e o corpo está cansado. As ondas do cérebro estão treinadas a funcionar em elevados picos, quando a oração exige leves variações. Nosso equilíbrio foi para o lixo e nós não conseguimos orar. Entendeu?
            Assim, clame que o Espírito de Deus, pela intercessão de Maria, ser meramente humano mais equilibrado que este mundo já conheceu, para que sua sensibilidade e racionalidade sejam totalmente restauradas. Esta é uma das principais curas de que necessitamos.

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