Matriz Buenos Aires

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Católicofobia?

            Certa pessoa vai a seus primeiros dias de aula, após enfrentar um vestibular para freqüentar aquela faculdade. Começa a perceber que há algo muito estranho, pois as pessoas lhe olham de forma desaprovadora naquela faculdade, não os funcionários ou a instituição, mas seus colegas de turma, ou melhor, aqueles que freqüentavam a mesma sala. Aquela pessoa não se comporta como a maioria dos alunos, mas em seu jeito demonstra todo respeito às outras pessoas e jamais falta com a atenção e o cuidado com os outros, contudo, começa a ser seguida por alunos daquela faculdade. Passa a se repetir muito os fatos ofensivos e aquela pessoa é humilhada com palavras e gestos, é ameaçada e, todos os dias, é seguida, começando a surgir riscos contra sua vida. Os fatos chegam a extremos e para, evitar o mal maior, tranca sua matrícula e não mais freqüenta as aulas. O sonho do curso superior é adiado, sem data para retorno.
            Acredito que você esteja se fazendo algumas perguntas óbvias neste momento: por que aquela pessoa era perseguida? O que ela fez? O que lhe fazia diferente? Aquela pessoa é uma mulher que não tinha uma opção sexual diferente, a cor de sua pele não a distingue de ninguém, nem as desvantagens financeiras cabem com justificativa ao que se passou. Uma mulher adulta cuja distinção é o hábito de freira que usa, a cruz de uma congregação Católica e seu comportamento reservado de irmã religiosa. Sendo bastante claro, aquela mulher teve sua vida ameaçada, era humilhada com palavras e gestos, alunos faziam obscenidades em sua frente para desrespeitá-la, era seguida para lhe impor medo ou seja lá o que mais poderia lhe ocorrer, não fossem algumas poucas pessoas que se chegavam para ajudá-la. Estamos na União Soviética da guerra fria? Ou nossa aliança com a China nos impôs o comunismo? Onde está a liberdade religiosa?
            Eu sei que muitas pessoas não entendem ou não concordam com a doutrina Católica, mas nos é garantida a liberdade de expressão. E, afinal, o que aquela pobre mulher fez de errado? Nada, pois ser católica não desabona ninguém, para não dizer o contrário. A sociedade vem buscando garantir a liberdade para todos os setores, mas há muito tempo que os católicos sofrem pelo fato de sua fé, de sua escolha religiosa. Digo que já faz tempo, pois facilmente as características católicas nas pessoas incomodam outras pessoas pelo simples fato de ser Católico, parece que a incapacidade de dominar seus impulsos desequilibrados irrita o ser humano ao se encontrar com alguém que supera esta barreira. Passa-me uma percepção que as pessoas não acreditam mais no melhor do ser humano para justificar suas mazelas e misérias, contudo, ao se depararem com uma pessoa assim, aquilo incomoda tanto que a sociedade busca com todas as forças destruir qualquer imagem de superioridade moral e saem à procura de qualquer coisa que possa destruir a imagem daquilo que chamamos de santidade, mesmo que seja a mentira.
Tenho uma positiva comparação que lhe faça entender. É como se as pessoas vivessem em profunda escuridão e tudo aquilo que fazem é escondido e protegido nesta escuridão, não há mais a preocupação com o certo e errado, a ética e a moral, onde tudo se justifica com frases mentais de auto-convencimento como “todo mundo faz, o que é que tem?” ou “ninguém sabe, ninguém vê, então não tem problema”, pois “o que os olhos não vêm o coração não sente”, e assim surge um consciente coletivo de mentiras e enganação. Mas quando surge uma pessoa como esta religiosa é como se uma forte luz fosse acesa e tudo viesse às claras, porque alguém com sua vida está provando que nem todo mundo é assim, mas que há dignidade em ser humano.
            Talvez este fenômeno justifique as razões daquilo que podemos chamar de católicofobia. A expressão é minha e sem nenhum compromisso com a língua portuguesa, mas comprometida com o fato, está bastante clara a presença na sociedade de um anti-catolicismo, uma ira voltada às ofensas, mentiras e ameaças contra os Católicos. Se os homossexuais afirmam que homofobia é a discriminação ofensiva a sua opção sexual, então posso tranqüilamente dizer que há uma católicofobia em nossa sociedade, e não preciso pedir um projeto de lei para nos proteger, pois a liberdade religiosa é marco na carta magna, contudo, mesmo os freqüentadores das faculdades são incapazes de conviver com os diferentes que incomodam seu ego. As disciplinas que tratavam sobre a formação humana e seus valores foram expurgadas do currículo escolar, “mas para que manter isto?”, dizem os hipócritas metidos a bonzinhos, “é uma perda de tempo”. Acontece que uma sociedade sem parâmetros morais é mais fácil de conformar-se com a corrupção, com o banditismo institucional e com interesses pessoais em detrimento do mais fraco. A pouca moral e ética que um dia tivemos está se esvaindo em nosso país com a forte colaboração de nossos políticos desavergonhados, artistas prostituídos e intelectuais limitadores de inteligência. Por isto que pessoas como os universitários preferem manter as trevas que escondem isto tudo: fora os Católicos, basta de luz.

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