Matriz Buenos Aires

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Sobre felicidade. (Parte III)

            Como diz um amigo: a felicidade não é aonde se chega, mas como se vai. Felicidade é a constante luta de uma alma que sabe em seu sofrimento que ainda pode ser melhor que já foi. A pessoa feliz jamais para de semear bons frutos ainda que lhe entreguem a pior terra para semear, pois ela aprendeu a tratar a terra. Os olhos do homem feliz conseguem enxergar muito além do que se vê, sentir muito além do que si diz, e ser para além do hoje, vivendo o hoje da melhor forma que possa fazer. A felicidade existe naqueles que sabem dar o melhor de si, sem precisar receber nada em troca. Encontro, sem esforço, a felicidade na cruz de Jesus, Ele tendo sido completamente destruído como homem, humilhado e execrado, escória dos homens e para os homens. Ele consola as mulheres que choram por Ele mesmo, pede ao Pai que perdoe aqueles que O matam e, de forma doce e terna, promete o paraíso ao ladrão arrependido. Pois a pessoa feliz está sempre pronta a amar, ainda que sem condições, pronta a perdoar, ainda que sem razões, e disposta a sempre pedir perdão, ainda que incerta de seus erros.
            Tenho absoluta certeza de que você está se dizendo que isto é impossível. E é certo que há uma enorme distância entre o que vivemos e a felicidade, entre aquilo que somos e aquilo que devemos ser. Mas aqui está a grande maravilha, felicidade é esta luta, é esta constante labuta por ser aquilo que sabemos que devemos ser, ainda que hoje tenha dado apenas um passo. Um passo é o suficiente para hoje se nele estiver o melhor que possa dar de mim para este tempo. Agora, neste exato momento, busque dar o melhor de si e a felicidade começará a se instalar em sua vida. Não se condicione mais, mas faça aquilo que você sabe que deve fazer desde que seja o melhor de si. Basta de esperar pelos outros, neles não está a sua felicidade, mas olhando para aquela cruz e aquEle Homem, firme o seus passos, olhe para você e entregue aquilo que há de melhor em você àqueles que estão bem ao seu lado. E entenda que pessoas especiais não estão  na tv, mas começa em você.

Que democracia?

            O sanfoneiro e músico Dominguinhos vem sendo considerado como o sucessor de Luiz Gonzaga, o ‘Rei do Baião’. Diversas entidades culturais e musicais o enxergam desta forma, o que tem engordado os prêmios do músico. Acredito que o título de sucessor vem não só pela amizade com Gonzagão, mas pelo enorme talento que José Domingos de Morais possui. Acontece que nesta terça o presidente em despedida veio a Recife para lançar o Projeto Centro Cultural Cais do Sertão Luiz Gonzaga, e Dominguinhos seria um dos principais representantes da musicalidade e da cultura neste evento. Sem explicações plausíveis, o governador do estado de Pernambuco cancelou a presença do sucessor de Gonzaga. Os músicos participantes têm seu talento, mas ainda distantes de Gonzagão na cultura nordestina e, com toda certeza, a melhor figurar para ali representar a expressão musical do titular do tal Centro Cultural era Dominguinhos. Assim como eu, você deve estar se perguntando a razão do ocorrido.
            Acontece que, na campanha eleitoral, o músico barrado não esteve de acordo com a candidata do governador e do lulismo. Dominguinhos fez campanha aberta para a oposição, o que, na mentalidade democrática destes políticos, desqualifica-o para melhor representar Luiz Gonzaga. Veja que maravilha, aquilo que a cultura nacional aclamou, a dita democracia vermelha desclassificou. Onde está a democracia brasileira? Desqualificam toda uma história cultural e todo um trabalho musical por uma posição política? Não passam de falsos defensores da democracia. Você, leitor, não se iluda, nossa liberdade e democracia estão sendo constantemente ameaçadas por estes cuja democracia só serve para acobertar e disfarçar seu autoritarismo comunista e totalitário. O que nos trouxe a The Economist sobre nossa democracia imperfeita pode ser evidenciado em fatos como estes ou como o absurdo aumento que os parlamentares se deram, e cujos debates duraram cerca de uma semana, passando por cima de todo bom senso e obtendo do presidente populista o silêncio. Se ele fosse do povo cortaria esta farra, mas prefere desfilar aclamado pelo pobre coitado que não morre mais de fome pelo bolsismo, mas que não é capacitado para se sustentar e conquistar um trabalho digno. Inclusive porque seu salário, e o da presidente eleita, também aumentaram e ele não vai brigar por causa disto. Que bobagem, não é?
            É lamentável. E o que nos reserva os próximos anos de vermelhidão? Cabe a nós a Fé, pois Deus é Senhor da história.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sobre felicidade. (Parte II)

            Há uma grave ilusão sobre felicidade. Veja que quando me referia àquela felicidade acima, identificava a felicidade com coisas completamente exteriores e que eram capazes de nos influenciar interiormente. Felicidade não é algo que vem de fora para dentro, assim como todos os demais princípios básicos ao ser humano como o amor, o perdão, a paz etc. a felicidade está em nós independentemente daquilo que esteja fora de nós mesmos. Justamente por isto que a felicidade e o sofrimento podem coabitar o mesmo coração, fato muito comum neste mundo. As pessoas que realmente são felizes são aquelas que passam pelo sofrimento sem deixar de semear o amor, o perdão e a eternidade. Nosso grande problema com a felicidade é querer buscá-la arrumando as coisas exteriores, sem antes arrumar as interiores. Não há felicidade em corações desarrumados, feridos, sujos e rebeldes. Quando desejo a você a felicidade e lhe exorto a uma mudança de vida, estou naturalmente fazendo a mesma coisa, pois não há como ser feliz com uma vida interior detestável, ou que nos torna pessoas detestáveis. Refiro-me como detestáveis não à humanidade, pois as pessoas felizes também não agradam, mas à nós mesmos, onde inexiste afetos e sentimentos que colaborem com aquilo que somos. E mesmo no vazio, não deixamos rastros do bem.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Sobre felicidade. (Parte I)


             Feliz natal?
            Depois de questionar minha vida e minhas atitudes, diz que esta é a sua forma de desejar feliz natal?
            Você está doido?
            Acho que esta foi a reação de muitos dos que leram o post anterior intitulado: Feliz Natal de Jesus. É natural o questionamento sobre a forma estranha de desejar felicidade mediante a exigência e necessidade de uma postura melhor de vida. Estamos acostumados com uma noção de felicidade como um estado de vida onde tudo se encontra no lugar que sempre desejamos, possuímos aquilo que acreditamos precisar e nos sentimos completamente satisfeitos com nós mesmos e com os outros. Felicidade, por este conceito, é algo quase inatingível para os planos deste mundo e, com isto, muitos passam a lançar a felicidade para níveis superiores à vida, correndo o risco de se conformar com o pior de suas escolhas e procurar culpados no temor evidente de tê-lo em si mesmo. O olhar para a felicidade ganha uma distância tão grande que passamos a viver coisinhas bobas e fúteis que se encontram próximas a nós e que acreditamos serem satisfatórias, apenas ganhando sua verdadeira noção quando diante de algo melhor, ainda que não o suficiente para nossa dignidade. Muitos desistem, de uma forma ou de outro, a fatalidade diante desta dita ‘felicidade’ é quase inevitável se, no decorre de nossa história, não nos depararmos com a verdadeira felicidade e nos dispusermos a buscá-la. 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal de Jesus!

            No lançamento do filme “A Paixão de Cristo”, Mel Gibson foi entrevistado e entre as perguntas que lhe fizeram, questionaram sobre o problema Palestina e Israel da seguinte forma: “se Jesus estivesse vivo, qual seria sua posição sobre o assunto?” E ele respondeu: “como assim, se Ele estivesse vivo? Ele está vivo!”.
            Jesus está vivo. Nós que cremos, vivemos esta realidade e é algo incontestável. A sua ressurreição é fato e nas celebrações nós afirmamos: “Ele está no meio de nós”. Contudo, nesta véspera do Natal de Jesus de 2010, quero lembrar a todos que Ele precisa estar vivo em nós e através de nós. Nosso olhar, nosso sorrir, nosso agir... Nosso ser por inteiro precisa apresentar Jesus vivo ao mudo hoje. Isto é maravilhoso ao passo que é desafiador, mas ser fora dEle é simplesmente deixar de ser tudo aquilo pelo qual fomos criados. É perder totalmente aquilo que nos dignifica na existência e nos lança adiante, levando-nos ao eterno já, imediatamente nestes dias e neste mundo. Diante de tantas aflições, somos nós, hoje, que precisamos dizer nosso ‘sim’ e gerá-Lo para o mundo, para nosso país, para nossa sociedade e para nossa família. Maria possibilita nosso ‘sim’, pois sem o dela, o nosso seria o vazio no vácuo. Por Maria, precisamos gerar Jesus para cada um daqueles que estão a nossa volta.
            O Natal de Jesus é o momento de nos lembrarmos desta nossa missão. Nos pequenos e maiores gestos, gerar Jesus. Que todos vejam Jesus vivo em você e, não apenas isto, que você semeie em cada coração a presença do Menino Deus. Não há graça maior a pedir nestes dias de festas que esta, assemelhar-se tanto a Ele, que os corações sejam fecundados com o Amor, a Fé e a Esperança por nosso intermédio. Se sua vida não está nesta busca incansável, então este Natal deve marcar sua vida com esta descoberta, pois sua família precisa de Jesus e você foi a pessoa escolhida para levá-Lo até lá. Questione suas atitudes, seus princípios e não se esquive mais de suas responsabilidades, pois Ele precisa nascer em todos os lugares onde você passa do contrário, quem o fará? Deus escolheu você bem antes que começasse a ler este texto, portanto, o tempo é este, hora é esta e você sabe o quanto há pessoas aí, bem perto de você, que precisam de Jesus em você.
            É esta a forma que escolhi para lhe dizer: feliz Natal de Jesus! Seja o que precisa ser, faça o que lhe cabe e o mais importante Ele o fará.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O que você planta? (Parte II)

            Os gestos de amor e bondade são tesouros construídos antes de tudo em nossa inteligência. Entretanto, não há grau de comprometimento quando isto é feito apenas com quem não conhecemos, nossas vidas não mudam. Todo ato de bondade nos aproxima da nossa origem em Deus, contudo, se este ato não exige mudança e comprometimento em nossa vida, em nossas palavras e em nossos afetos, tudo aquilo que fazemos vai para o lixo de nossa memória, pois se trata de comportamentos nos quais não cremos, mas fazemos para minimizar nossas culpas.
            Pare por um instante e imagine a forma como tem tratado as pessoas. Não comece pelas mais distantes, mas como você tem tratado sua família, seus relacionamentos mais profundos, aqueles que fazem falta em sua vida. Todos nós queremos o melhor dos tratamentos, das atenções e dos cuidados, mas somos muito limitados a oferecer aquilo que esperamos receber. Parece que somos incapazes de perceber que o primeiro sorriso pode sair de nossos lábios uma vez que já entendemos o quanto isto é bom, pois é exatamente o que espero receber daqueles que amo. Todos os dias temos a chance de construir uma história que pode ser maravilhosa ou que pode ser desastrosa, a diferença estará na forma como desejamos escreve-la com aquilo que somos. É fato que a eternidade começa com que plantamos nos corações daqueles que passam por nós, aquilo jamais se apagará e poderá construir ou destruir. A semente plantada pode amar e amando, educar a amar. Ou pode desamar e desamando, cultivar o rancor e o ódio. Ambos serão levados para algum eterno, ou a morte eterna ou a vida eterna. O que você planta com sua vida? Para onde leva?

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Falando um pouco de oração (Parte IV)

            Falando desta vida prática chegamos ao quarto passo que muito nos fará entender o dia a dia da oração. Outras tantas pessoas até escutam o Senhor, inclusive de forma almejável, mas que não perseveram porque o que escutam não é aquilo que querem escutar, mas aquilo que Deus tem para falar. O Senhor jamais irá falar aquilo que nós queremos escutar, quando isto não for a Sua vontade, pois sua vontade sempre é o melhor e a mais plena verdade. Como diz a palavra, Deus não é homem para que minta, e preciso dizer que Deus não fará como nós que muitas vezes falamos e agimos para agradar as pessoas. Nós vestimos muitas máscaras em nossas relações, nós chegamos a vestir máscaras profundas na nossa relação com nós mesmos e passamos uma vida inteira mentido para nós e para todos, criamos um personagem para se relacionar com Deus, mas Ele jamais aceitará nossas mentiras, e impossível será ter de Deus palavras que não sejam para aquele que realmente nós somos, para aquel que foi gerado em seu Coração a sua Imagem e Semelhança. Jamais espere de Deus outra coisa que não seja a verdade, portanto, quando estiver diante de Jesus saiba que Ele falará com você e não com suas mascaras ou mentiras.
            Quando era criança e tinha que tomar alguns remédios que detestava, jamais vi meus pais dizendo que se eu não queria, não precisava tomar, ou que eu podia fazer da forma que quisesse. O que precisa ser feito tem que ser feito e eles, de uma forma doce, ou quando a teimosia do gordinho era grande, de uma forma braba vinham e davam o remédio. Quantas doenças terríveis levam as pessoas a terapias extremamente sofridas, buscando matar aquilo que esta matando seu corpo, e mesmo na mais profunda dor continuam pela Esperança. Entendamos, diante de toda Sabedoria de Deus, somos muito menos que crianças, diante de todo mal que nos mata nos tempos de hoje, a Ciência de Deus é infinitamente maior que a dos nossos pobres médicos. Então, mesmo que não tenhamos do Senhor aquilo que desejamos ou queremos, tenhamos a mais absoluta certeza que é o melhor.

domingo, 19 de dezembro de 2010

O que você planta? (Parte I)

            Nesta época do ano, todo mundo resolve fazer algum tipo de ato caridoso. São cestas básicas para os pobres, doações em dinheiro ou outras tantas formas de expressar um ato de caridade para com o próximo. Tenho para as pessoas que praticam estes gestos um agrado considerável, vendo que isto é importante em nossas relações. Contudo, acredito que temos que fazer destes gestos uma conseqüência de uma verdadeira vida no amor. Não vou criar rodeios para lhe dizer minha opinião. Se aqueles atos de caridade não estiverem em pessoas que vivem a busca constante pelo amor aos mais próximos servem apenas de hipocrisia e uma forma de ludibriar suas consciências por uma vida permeada de contradições.
            O ser humano e suas idiossincrasias. Somos capazes de atos completamente antagônicos. Dar para quem não se conhece é muito fácil e exige muito pouco de nós, acontece que há pessoas em nossa volta, bem próximo de nós, muitas vezes mendigando amor, afeto e atenção e o que damos é nossa frieza, nosso egoísmo e nossa vaidade. Falta o abraço, nega-se o perdão e doa-se estupidez. De que vale distribuir coisas fora de nossos lares, se o que damos àqueles que estão aqui, bem junto de nós é indigno para um animal. São filhos que gritam com seus pais, irmãos que se odeiam, pais que dão mais atenção a seus brinquedinhos de adultos e que não mais sabem o cheiro de seus filhos. Hipócritas! Tratemos de cuidar de nossas feridas dentro de nós e dos nossos lares e ganhará sentido aquilo que fazemos de bem aos que não conhecemos, contudo, se fazemos a quem não conhecemos e não àqueles que são os nossos, então nossa caridade é uma palavra bonita para justificar nossa mente distorcida e nossos afetos deformados.
            Escolha uma pessoa a quem você precisa perdoar e inicie o caminho de caridade mais profunda que sua vida já experimentou. Não digo que é fácil, mas a verdadeira caridade não é fácil.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Ministra?

             Luciana Santos, ministra?
            Que ta acontecendo em nosso país?
    Eu sei que vivemos uma democracia comunista, mas – hum – estranho. Minha cabeça pirou ao ler esta notícia hoje nos jornais. O que esta mulher fez para estar pronta a assumir o ministério dos esportes? Que investimento nesta área foi desenvolvido em Olinda para que gabaritasse a comunista ao posto nacional. Há algum programa modelo, que não seja os excessos de crateras, em Olinda para indicar tão grande sinal à nova presidente da extrema capacidade administrativa, cultural e esportiva da referida deputada. Em algum momento praticou esportes? Das minhas lembranças universitárias não tenho alguma de suas atividades saudáveis. Contudo, não adentrarei o terreno de suas práticas estudantis, o partido já ajuda seu entendimento. Acho que há uma luz negra que ilumina os marxistas e que é completamente incapaz de iluminar uma inteligência normal. Contudo, porém, esta deputada foi eleita pelo povo pernambucano sob algum tipo de mérito, bem, como não fui eleitor da dita pessoa, abro espaço para estes aqui se manifestarem e, utilizando da democracia em voga, explicar-nos os méritos ministeriais de sua deputada.
            Quero apenas lembrar que, quando prefeita de Olinda, a deputada foi aquela que quis desapropriar a rádio Olinda, esta da Arquidiocese de Olinda e Recife. Por este evento, afrontou diversas vezes nosso amado Arcebispo na época, recebendo seu ‘cala a boca’ de companheiros partidários que rogam duplamente para homens de barba. Como fiel ao partido, é defensora da descriminalização do aborto e do PNDH3. Sem falar sobre a questão das drogas.
É mais uma destas que os homens e mulheres de boa fé votam, mas preferem não saber em quem votam. Agora temos que assumir as conseqüências. De que adianta se arvorar de ser bom e eleger pessoas que lutam por uma sociedade má, prefiro citar Reinaldo e dizer que não sou tão bom assim, mas que luto por uma sociedade boa. 

Preciso entender uma coisa.

            Preciso entender uma coisa, o que faz um padre cantando pagode em show de grupo deste mesmo estilo musical? É para evangelizar? De que forma? O que o padre está fazendo que possa testemunhar Deus para aquelas pessoas? A letra muito mais ou menos de uma música? Que luz aquele homem está acendendo naquele lugar?
            Tenho escutado muitas coisas sobre a importância de ir até as pessoas para ser luz no mundo e sal da terra. Mas há algo a ser compreendido, algo muito importante para não dizer essencial, a luz precisa estar acesa para iluminar e se o sal perde o sabor não serve mais de nada. Refiro-me claramente aos capítulos cinco, seis e sete de São Mateus. Primeiro, existem tarefas na missão evangelizadora que não cabem a um padre e esta, de ser presença em todos os lugares, é uma delas. Como vem colocando os últimos papas em suas encíclicas, cabe ao leigo ser luz em ambientes onde o clero não pode nem deve estar. Naturalmente, nem todos terão o devido entendimento ao observar um padre em uma boate, por exemplo, ou em um bar e não será de se estranhar a falta de compreensão, pois os questionamentos são comuns. Isto irá se agravar se aquele padre não estiver salgando o meio onde estar, iluminando para o entendimento. Se um sacerdote está naquele lugar é para testemunhar e nada justifica a sua omissão no testemunho, ele precisa apresentar claramente o que naquele lugar e para aquelas pessoas é ou não de Deus, é bom ou não, edifica ou destrói, vivifica ou mata.
            Muitos dizem que Jesus esteve em diversos lugares com todo tipo de gente. Bem, Jesus era o próprio Deus que, apesar de todo homem, não corria em suas veias o vírus sedutor do pecado, portanto, isento estava do mal, até porque seu sim é sim e seu não é não. Contudo, jamais Jesus freqüentou um lugar para não acender sua Luz. Onde Jesus estava ele evidenciava as práticas de pecado e trazia à tona a necessidade de mudança de vida. Jesus jamais passou a mão na cabeça de um pecador por seus pecados, mas sempre indicava aquilo que não tinha comunhão com a vida que Ele oferecia para as pessoas. Justamente por sua Verdade inseparável do Amor que sua forma de amar foi odiada pelos homens e mulheres deste mundo. A verdade para Jesus é condição para o amor, bem como, a responsabilidade e o respeito, portanto, quando Jesus ama, ali coabita a verdade que evidencia o mal, a responsabilidade que desinstala do pecado e o respeito à vida recebida que exige coerência a partir de então. Desta forma, a pessoa que encontra com Jesus inicia uma nova caminhada, agora não mais por suas estradas, mas pelos caminhos dEle.
            Agora me responda, que verdade, responsabilidade e respeito estes padres populistas estão apresentado àquelas pessoas? Quem, após escutar o religioso cantando com o traficante mudou de vida e passou a combater o entorpecente? Ou, quando uma só pessoa foi tocada por Deus ao assistir o homem da batina, sem batina, cantando com o sensual vocalista chamado de gostos pela ‘mulherada’? Eita, será que era para o da batina que gritavam? É, como faz falta uma batina. Como era diferente aquilo que o Léo fazia, ali sim era um padre. Saia e ia até os piores lugares, não para se conformar aos lugares, mas para extrair dali jovens que estavam se drogando e se prostituindo. E ainda vem um outro querer se comparar ao Léo, coitado. Quando de sua história, padre artista, surgir uma Bethânia, então se refira ao Léo, mas por enquanto você é medíocre.
            Leigos, reflitam a Luz do Senhor com todo ardor. Iluminem as trevas dos recantos deste mundo para que os Sacerdotes Católicos enxerguem que há Luz onde eles não podem ir. Cantemos como a Toca: sou reflexo...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Ah seu governador!



"Quem aqui não teve uma namoradinha que precisou abortar? Meus amigos, vamos encarar a vida como ela é."
Estas foram as palavras do governador do Rio, ontem em um evento em São Paulo. Quando as li estampadas no jornal, pensei, que tipo de relacionamento este homem tem? Ou teve? Realmente não faço a menor idéia, mas fazer da sua vida exemplo para mais de 160 milhões de brasileiros que não concordam com a prática do aborto é muito exagero. E se já não bastasse, ainda chama estes milhões de hipócritas. Claro que me veio a imediata pergunta a ser feita àquele político: e a criança? E as crianças que são torturadas e mortas na barriga de suas mães? E aí seu governador? Meu Deus, o que estamos elegendo? Fiquei ainda mais perplexo ao ler os dados estatísticos fornecidos pelo orador, de onde ele tirou aquilo? Mas ainda que fosse a mais pura verdade, e as outras mais de oitenta milhões de mulheres que não só não praticam aquela aberração, mas são completamente contra? Quem diz se preocupar com o povo e não se preocupa com os mais fracos e indefesos, só se preocupa consigo mesmo. Chega a ser hilário ver político falando de hipocrisia, se não fosse fatídico o assunto, daria gargalhadas. Hipocrisia governador?
Palhaçadas à parte, queria me referir aos eleitores agora. Aqueles que votaram neste tipo de gente que sempre esquece que naquela mulher grávida há outra pessoa. Pessoas que ainda não têm voz a ser escutada neste mundo, mas que conta com nossa voz para se defender. E já não vivemos mais o tempo da ignorância para dizer que não sabemos, pois quanto foi falado dos riscos dos políticos pró-morte de crianças para nosso país. Eleitor, quero falar com você que tem fé, ética e moral no coração. Você que ainda é capaz de se compadecer nos dias de hoje, em quem você está votando, que gente você elege? Com seu simples voto, ou com sua simples omissão os inocentes de mães assassinas não têm voz. Não têm como se defender. Então, de que lado você está? E não estou apenas me referindo a momentos de eleição, mas a este dia em que o político que diz querer enfrentar o tráfico, defende a morte  de bebês inocentes justificada pelo sexo livre no namoro. Nossas opções, nossos vícios ou seja lá esta coisa que temos em nós que nos arrasta para o próprio ego, não tem o direito de matar. Damos defesas a assassinos horrendos, e negamos às crianças inocentes? Ops, acho que tem algo muito errado nisto tudo. Lembro de um debate que tive certa vez com um médico – assassino – opa, abortista, em que perguntava sobre se quando sua esposa estava grávida ele tratava o feto como já sendo seu filho, e ele afirmou claramente que sim. Contudo, é um homem incapaz de enxergar em outras mulheres a vida de crianças inocentes. O doente ego humano, incapaz de sentir além de seu nariz.
Hoje é o tempo de você assumir em que acredita e agir por uma sociedade que preserva a família, o respeito e a fraternidade. Dê sua opinião, use sua rede de relacionamento para fomentar boas idéias contra estas tragédias sociais, envie seu e-mail aos políticos em que votou, saia da omissão e da letargia e volte a ser humano em defesa dos seres humanos. Defendemos a natureza com tanto ardor, mas pouquíssimo fazemos pela espécie humana e suas frágeis crianças. Se você é assim como o político falava, então siga seus caminhos de morte, mas se você é uma pessoa que não concorda com isto, então é bom dizer, pois logo poderemos perder este direito. Sei que vivemos em um país democrático e as pessoas podem pensar e expressar aquilo que querem. Difícil é olhar para aqueles e sorrir por suas práticas de tortura, chamando a maioria brasileira de hipócrita.
O que você acha de neste natal comprar uma arma com balas e dar para uma criança brincar? Absurdo, não? Contudo, a criança com revolver na mão, brincando com balas pode errar o tiro e sair ainda viva. Aquela no ventre da mãe não tem para onde fugir, sua chance inexiste, não morre de um tiro, mas da cruel lâmina do algoz ou seu veneno sufocante. Morre aos poucos, sofre até o ultimo segundo a culpa que não lhe cabe. A esperança é a sua voz.
Site do governo do Rio de Janeiro, pois o e-mail do governador está em manutenção: http://www.governo.rj.gov.br/.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Sem Deus.

Caminhava para mais um almoço quando escutei uma criança gemendo, quase que chorando. Fui invadido, enquanto aquele som penetrava meus ouvidos por uma profunda tristeza, incapacidade pura de qualquer coisa fazer. Solidão, vazio, falta de sentido. Depressão? Não sei, nunca vive nem uma coisa nem a outra para dizer que são a mesma. Que tenho por certo é que senti a minha pobre condição humana: o nada. Miséria absoluta e incapacidade plena perdida em si mesma. Nós não somos nada. De tudo que temos, o que vale alguma coisa e que não vire, em breve, pó? Tive um sentir na alma daquilo que somos sem Deus, sem a proteção do Pai, os cuidados do Amor. Claro que minhas palavras são completamente incapazes de melhor lhe descrever o que vivi, sei que olhei para a minha vida e para as vidas e não via nada que valesse. E, sobre isto, lá nos evangelhos há uma pergunta daquelas que cortam nossa carne: que podemos fazer que valha nossa vida? Que força, ou seja lá o que for, que nos faz poder para? Poder, nós não podemos nada, na verdade nada é o que somos.
É esta a nossa triste condição quando não temos a Deus. Confesso que não sei como as pessoas vivem em seu vazio, mas mesmo assim, por mera misericórdia ainda podem contar com os efeitos de Deus neste mundo, mas na ausência completa de Deus, não só temos nada, mas pesa sobre nós a nossa miséria, indignidade e nossa condição pecadora. É vazio puro e pressão insustentável do mal absoluto.
Obviamente, existe uma relação entre aquele som e algo pessoal em meu inconsciente e que foi tocado naquele momento. Talvez o Senhor queira agir em algo em minha vida, não sei. Sei que por hora me foi permitido sentir o que será sem Deus neste mundo, sem Deus em nós. Estamos todos os dias expulsando Deus de nossas vidas, de nossa história e de nossa sociedade e estamos substituindo pelo efêmero, pelo volúvel e pelo passageiro. Não fica nada, nem nós, pois a vida vai se tornando insuportável. Nós vamos nos tornando insuportáveis. Há pessoas que têm muito, mas o que têm passou ao lugar de Deus e, por isto, não têm nada em si, estão no vazio e a vida não tem aonde chegar, pois também nunca teve caminho. Esta situação ainda não representa a ausência de Deus a que me refiro, pois Ele em sua misericórdia suporta estas pessoas. Contudo, chegará lá se permanecer nesta rota.
Escuto sobre absurdos que as pessoas têm sido capazes de fazer. Tortura, estupro, pedofilia, assassinatos dos mais diversos, violência, abusos – o mal. Parece que o ser humano não tem mais limites para a crueldade, se é que em algum momento teve. Acontece que sem o bem, o mal prevalece. Sai Deus, entra o ‘eu’. O ‘eu’ no vazio de si mesmo é incapaz de si. As pessoas sem Deus são capazes do pior delas mesmas. Aquilo que temos visto e vivido na sociedade é uma desumanização, pois o humano só detém suas capacidades quando as vive, só as vive se as enxerga e só as enxerga pelas lentes de Deus. Este é meu convite para você hoje, passe a ser em Deus. Longe dEle seremos sempre capazes do pior, coisas que nem os animais fazem, mas apenas nós, sem Deus, seremos capazes de fazer. Não assuma sua potencia, pois você não a tem, mas assuma sua impotência e suas potencia será Deus. Seja honesto consigo mesmo, não seja o que não é, o lugar do primeiro já está ocupado e não é seu, então, não queira ser o melhor, mas dê o melhor de si.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Falando um pouco sobre oração. (Parte III)

            O terceiro passo vai passar por aquilo que fazemos em conseqüência da oração, escutar o Senhor é buscar uma vida prática de oração. A oração vai perdendo consistência na media que não alimenta a vida e não é alimentada por esta, entenda, lembro de um rapaz que certa vez encontrei vomitando no banheiro da academia, ele dizia que não estava bem porque comeu muito e quando foi fazer os exercícios estava muito pesado e forçou sua capacidade, então, não conseguiu segurar. Acredito que é mais ou menos assim que fazemos, pois nos alimentamos na oração de forma diferente daquilo que nossa vida exige e normalmente nossa vida exige muito melhor da nossa oração. Tenha uma vida rica nos sacramentos e pobre de futilidades, busque o sabor da confissão e sua maravilhosa liberdade, beba do fruto Eucarístico do Coração de Jesus na missa e rumine as palavras que estão em sua Bíblia e quando não entender lembre de seu livro base, o Catecismo da Igreja Católica. Se você sente dificuldade em viver desta forma não desista, apenas volte aquele segundo passo que falávamos há pouco. Há um sabor sem igual em viver os Sacramentos, em degustar a Palavra do Senhor, em viver uma vida de perdão e em vencer o pecado de cada dia apenas no Amor. Sei que de imediato pode não ser fácil, mas desde já entenda que seguir Jesus, ser cristão, principalmente Católico, é reproduzir em nossa pobre imagem a imagem de Jesus e isto jamais será fácil. Como dizia São Cirilo de Jerusalém, Jesus foi o Cristo de Deus e nós somos os cristos de Jesus. Não é fácil! Mas não é porque não é fácil que não seja o melhor. Na verdade, tudo que é realmente bom não é fácil e isto se aplica perfeitamente em nossa oração, pois não será fácil, mas será perfeito, muito mais que bom. A perfeição tem algo muito concreto no encontro entre nossa pobre alma com o Coração Amoroso de Jesus, e este encontro só se realiza pelas vias da oração, dos Sacramentos, da Palavra, da Igreja e, por conseqüência, da vida prática no Amor, na Fé e na Esperança.
            Sinto que preciso ser ainda mais claro. Quando recebemos nosso suado salário não o jogamos na lata de lixo, concorda? Pelo contrário, vamos contar cada centavo para dali tirar uma vida melhor para nós e aqueles que amamos. Só não entendo porque não fazemos o mesmo com a oração. Muito mais que nosso trabalho, a oração será bastante suada, teremos momentos muito difíceis para orar e se manter de joelhos, lágrimas virão e muitas só cessarão na Eternidade, mas junto com isto vem o maravilhoso salário da Graça, da presença de Deus, dos frutos e dons do Espírito. Passaria horas descrevendo os efeitos beatificantes da oração cujo valor não há moeda no mundo que pague, e talvez faça isto em breve, mas por hora chegamos onde precisamos. Portanto, na oração nos tornamos milionários de Deus, pois as graças, os frutos do Espírito e os dons são o salário do Céu, então, por que, em seguida, jogamos todas as Graças e Frutos e Dons no lixo? Você sabe muito bem que, quando pecamos ou agimos em desconformidade com a oração, com o Senhor e com sua Santa Igreja estamos jogando o salário fora. Se a oração orienta a necessidade de perdoar, comece já este processo, pois quanto mais profunda é a ferida, mas longo será o caminho, o que você não pode deixar de fazer é começar. Obedeça imediatamente aquilo que Ele lhe ordena, não tema, pois Ele sabe o que é melhor, não você.
            É preciso entender claramente este princípio básico deste passo. Não há oração que sobreviva a uma vida destoante. Se a vida destoa a oração não entoa. 

Um breve comentário.

            Após a Missa deste dia santo, Imaculada Conceição de Maria, parti para uma sessão de café e leitura. Depois convenci minha amada esposa e fomos assistir “Rede de relacionamento”. Bom filme, vale o investimento e quero deixar aqui três observações importantes sobre o filme. A primeira é o fato de que não se chega a canto algum sem muito esforço, há um risco implícito em tudo aquilo que nos chega sem luta e esforço. São Paulo fala muito bem sobre isto em sua carta aos corintos, pois para chegar ao Céu é necessário ser como um atleta que treina por horas e com todo foco no seu objetivo, não mede esforços para quer chegar a sua meta.

Segundo, é que tudo que envolve muito dinheiro exige muito mais capacidade para lidar com este dinheiro, pois muito facilmente nos tornamos escravos das cifras financeiras. Claro que este ‘muito’ a que me refiro não precisa ser o milhões a que o filme se refere, mas todo montante que salte a nossos olhos já será capaz de nos descentralizar e nos escravizar. Jesus nos fala muito bem sobre isto nos capítulos cinco, seis e sete de seu evangelho segundo São Mateus. Muito cuidado com o dinheiro, pois se ele chega até nós é para servir e não ser servido.
Terceiro, cuidado com aquilo que você guarda dentro de você, isto pode lhe destruir ou fazer muito mal. Nós não fomos feitos para guardar raiva, rancor, inveja e mentiras, mas fomos criados para a compreensão, o perdão, a admiração e a verdade. Muito cuidado com aquilo que você está plantando no terreno de sua vida, pois é exatamente o que você vai colher. A natureza é assim, plantou colheu, não tem como mudar isto. Muito mais quando nos é dada uma terra boa como é nossa alma, pois ela vem de Deus, acontece que nós envenenamos nossa terra com estas coisas que matam e vão destruindo a qualidade da alma.
            Você é um guerreiro? Já está em tempo de ser, caso contrário sua vida não chegará a lugar algum. Qual seu objetivo? Busque aquilo que vale, pois do contrário, ao chegar não verá que valeu a pena. Por isto minha meta é o Céu.
            Como você lida com o dinheiro? O que ele representa em sua vida? Entenda, quando Deus se agrada com os pobres, Ele não esta se referindo a não ter dinheiro, pois ser pobre não é aquele que tem menos, mas aquele que menos necessita. Há muitos ricos pobres e muitos pobres ricos, a diferença é quanto dependem do dinheiro para ser quem são. É muito fácil ser bom de cofre cheio, mas o que vemos é um intrínseco apego ao dinheiro, mesmo para aqueles que não o tem.
            O que você vem plantando em sua vida? Talvez, é chegada a hora de tirar a erva daninha e plantar lindas flores. Quanto mais tempo passa, mais dolorido será enfrentar esta tarefa irrevogável em nossa história.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Lua, estrela ou buraco negro, qual é a sua?

            É como um fortíssimo flash de uma poderosíssima câmera. Esta é minha figuração da luz que Dom Bosco diz ser um mero relampear de uma pequeníssima centelha na ante-sala do Céu. Foi algo tão forte na vida de Bosco que ficou cego por algumas horas. Imagino o incomodo na sua vista, mas sinto muito mais em mim o incomodo de não estar digno de entrar no Céu, assim como aconteceu com Bosco. É sentir-se infinitamente pequeno, uma bactéria, suja e indigna de qualquer bem. Eu me sinto assim toda vez que leio Bosco relatar o Céu em sua obra: “Céu, inferno e purgatório”. Pois, se ele que já era um homem exemplar naquele momento não estava pronto para o Céu, e eu? Deus tenha infinitíssima – a palavra não existe, é minha – misericórdia de mim. Por este estupendo poder, Deus preferiu se fazer conhecer por seu Filho Jesus através de Maria e, assim, aproximar-se de nós sem permitir que nossa indignidade nos consumisse e nos matasse. Ele passou a se fazer presente em homens e mulheres simples que refletiam aquela Luz de que falava a pouco. Como é reflexo, pode-se ver Deus, mas através do lado santo de pessoas comuns como Madre Tereza, Bosco, Francisco, Karol, que virou Papa, entre tantos outros. Quando a Luz chega, vem tudo às claras e não há mais esconderijos e podemos até enxergar melhor nossas verdades.
            É assim, quando alguém reflete a Luz. Queira ou não, irá incomodar, pois era assim com Jesus, que é a própria Luz, diferente não será conosco, seus reflexos. É com este título que chamo este blog, pois ele precisa nos desinstalar e nos fazer enxergar nossas realidades. Como dizia há alguns dias atrás, é por isto que os Católicos são odiados, pois os verdadeiros Católicos carregam a Luz e esta Luz, que é toda Amor, apresenta a verdade que incomoda a humanidade, pois a verdade incomoda. Vejam o que fizeram quando o Amor se fez Homem, a humanidade O matou. Então, o que farão com aqueles que refletem sua Luz de Amor? Está neste ponto uma questão de discernimento sobre nossa vida cristã, se nossa vida agrada todo mundo, ela não é verdadeiramente cristã, pois nossa luz, ou melhor, a Luz dEle não está bem refletida em nós. Nós a estamos absorvendo com nossos pecados e omissões e não a estamos refletindo. Temos visto muitas estrelas nos céus de nosso cristianismo e poucas luas, ou seja, pessoas que, como estrelas, agradam todo mundo com sua luz própria e se dizem muito seguidores do Cristo, mas dão de si e logo sua luz apaga. Diferente são as luas, elas não têm luz própria, mas refletem a luz do Sol, aquele maior de todos os astros. A lua para ter sentido depende do Sol, nem toda sua extensão é iluminada, pois ainda tem áreas para serem tiradas da escuridão, mas como sua luz vem do Sol, é mais forte e constante, assim, incomoda aqueles que se utilizam das trevas para suas vidas. Há apenas uma lua que foi toda iluminada, aquela que possibilitou a chegada da Luz até nós.
            Tivemos estes dias um exemplo bastante prático disto que estou falando. Veja como os homossexuais receberam o Papa em seu trajeto de carro na Espanha. O Papa jamais pronunciou uma só palavra de ofensa contra os homossexuais, pelo contrário, todos os pronunciamentos e documentos da Igreja e do Papa sobre o assunto sempre dizem que o homossexual é amado por Deus e que não deve haver discriminações, apenas não há concordância quanto a suas opções. Se surgirem sempre lados que, em discordância, partirem para o desrespeito, a ofensa e até a violência, logo não existirá mais democracia, direitos de expressão, liberdade religiosa ou de impressa. O que ocorre aqui é que o Papa por onde vai leva aquela Luz que falávamos, leva a verdade que liberta, mas incomoda. O Papa foi Luz para aquelas pessoas e incomodou mostrando a verdade. Veja, se as opiniões contrárias precisam conviver e aquele país é democrático, por que daquelas ofensas contra o Papa que não sejam reação a luz que incomoda? Acho inclusive interessante o fato do desejo de se casarem, quando há tempos se fala mal do casamento, sendo resumido, inclusive pela sociedade homossexual, a um contrato. Para fazerem estes contratos entre si não precisam do Papa, nem da Igreja.
            Outro bom exemplo é aquele que narro no texto (post) intitulado: Católicofobia. O que fez aquela mulher para ser tratada como foi?
            Acontece que a Luz foi acesa e vêm às claras as mazelas humanas. Quanto menos mazelas, mais afeição a Luz, quanto mais mazelas, menos afeição a Luz. Por isto, é comum encontrar pessoas que não gostem de nós cristãos e talvez não queiram nossa companhia. Não precisa dizer nada, se estamos em luta pela santidade que Deus tem para nós, se estamos em condições de guerreiros, pois neste mundo não há santos ainda, há guerreiros que lutam pelo Céu, incomodaremos. Não somos melhores, mas se assumimos nossas terríveis lutas pelo Céu, então há ao menos um lado de nós que reflete aquela Luz e, portanto, irá iluminar as trevas. Lua, estrela ou buraco negro, qual é sua?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Duas Igrejas. (Pe. Paulo Ricardo) - Nós precisamos escutar isto.

Católicofobia?

            Certa pessoa vai a seus primeiros dias de aula, após enfrentar um vestibular para freqüentar aquela faculdade. Começa a perceber que há algo muito estranho, pois as pessoas lhe olham de forma desaprovadora naquela faculdade, não os funcionários ou a instituição, mas seus colegas de turma, ou melhor, aqueles que freqüentavam a mesma sala. Aquela pessoa não se comporta como a maioria dos alunos, mas em seu jeito demonstra todo respeito às outras pessoas e jamais falta com a atenção e o cuidado com os outros, contudo, começa a ser seguida por alunos daquela faculdade. Passa a se repetir muito os fatos ofensivos e aquela pessoa é humilhada com palavras e gestos, é ameaçada e, todos os dias, é seguida, começando a surgir riscos contra sua vida. Os fatos chegam a extremos e para, evitar o mal maior, tranca sua matrícula e não mais freqüenta as aulas. O sonho do curso superior é adiado, sem data para retorno.
            Acredito que você esteja se fazendo algumas perguntas óbvias neste momento: por que aquela pessoa era perseguida? O que ela fez? O que lhe fazia diferente? Aquela pessoa é uma mulher que não tinha uma opção sexual diferente, a cor de sua pele não a distingue de ninguém, nem as desvantagens financeiras cabem com justificativa ao que se passou. Uma mulher adulta cuja distinção é o hábito de freira que usa, a cruz de uma congregação Católica e seu comportamento reservado de irmã religiosa. Sendo bastante claro, aquela mulher teve sua vida ameaçada, era humilhada com palavras e gestos, alunos faziam obscenidades em sua frente para desrespeitá-la, era seguida para lhe impor medo ou seja lá o que mais poderia lhe ocorrer, não fossem algumas poucas pessoas que se chegavam para ajudá-la. Estamos na União Soviética da guerra fria? Ou nossa aliança com a China nos impôs o comunismo? Onde está a liberdade religiosa?
            Eu sei que muitas pessoas não entendem ou não concordam com a doutrina Católica, mas nos é garantida a liberdade de expressão. E, afinal, o que aquela pobre mulher fez de errado? Nada, pois ser católica não desabona ninguém, para não dizer o contrário. A sociedade vem buscando garantir a liberdade para todos os setores, mas há muito tempo que os católicos sofrem pelo fato de sua fé, de sua escolha religiosa. Digo que já faz tempo, pois facilmente as características católicas nas pessoas incomodam outras pessoas pelo simples fato de ser Católico, parece que a incapacidade de dominar seus impulsos desequilibrados irrita o ser humano ao se encontrar com alguém que supera esta barreira. Passa-me uma percepção que as pessoas não acreditam mais no melhor do ser humano para justificar suas mazelas e misérias, contudo, ao se depararem com uma pessoa assim, aquilo incomoda tanto que a sociedade busca com todas as forças destruir qualquer imagem de superioridade moral e saem à procura de qualquer coisa que possa destruir a imagem daquilo que chamamos de santidade, mesmo que seja a mentira.
Tenho uma positiva comparação que lhe faça entender. É como se as pessoas vivessem em profunda escuridão e tudo aquilo que fazem é escondido e protegido nesta escuridão, não há mais a preocupação com o certo e errado, a ética e a moral, onde tudo se justifica com frases mentais de auto-convencimento como “todo mundo faz, o que é que tem?” ou “ninguém sabe, ninguém vê, então não tem problema”, pois “o que os olhos não vêm o coração não sente”, e assim surge um consciente coletivo de mentiras e enganação. Mas quando surge uma pessoa como esta religiosa é como se uma forte luz fosse acesa e tudo viesse às claras, porque alguém com sua vida está provando que nem todo mundo é assim, mas que há dignidade em ser humano.
            Talvez este fenômeno justifique as razões daquilo que podemos chamar de católicofobia. A expressão é minha e sem nenhum compromisso com a língua portuguesa, mas comprometida com o fato, está bastante clara a presença na sociedade de um anti-catolicismo, uma ira voltada às ofensas, mentiras e ameaças contra os Católicos. Se os homossexuais afirmam que homofobia é a discriminação ofensiva a sua opção sexual, então posso tranqüilamente dizer que há uma católicofobia em nossa sociedade, e não preciso pedir um projeto de lei para nos proteger, pois a liberdade religiosa é marco na carta magna, contudo, mesmo os freqüentadores das faculdades são incapazes de conviver com os diferentes que incomodam seu ego. As disciplinas que tratavam sobre a formação humana e seus valores foram expurgadas do currículo escolar, “mas para que manter isto?”, dizem os hipócritas metidos a bonzinhos, “é uma perda de tempo”. Acontece que uma sociedade sem parâmetros morais é mais fácil de conformar-se com a corrupção, com o banditismo institucional e com interesses pessoais em detrimento do mais fraco. A pouca moral e ética que um dia tivemos está se esvaindo em nosso país com a forte colaboração de nossos políticos desavergonhados, artistas prostituídos e intelectuais limitadores de inteligência. Por isto que pessoas como os universitários preferem manter as trevas que escondem isto tudo: fora os Católicos, basta de luz.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Falando um pouco sobre oração. Parte II

            O segundo passo muito importante é, assim como o silencio na oração, pedir a unção do Espírito Santo para sermos sensíveis a voz de Deus tanto nos momentos de oração, como nos contatos com a Palavra de Deus escrita, nos Sacramentos e até no cotidiano. Na medida em que nos aprofundamos em escutar e silenciar para o Senhor falar, o Espírito Santo vai aguçando nossa sensibilidade para percebermos a sua Voz em todas as nossa práticas de espiritualidade e inclusive nos mais diversos acontecimentos de nossa vida. Lembro agora de tantas vezes que reclamava em minha vida sobre acontecimentos que não gostava ou não concordava e gritava e reclamava, não sei se você já se percebeu agindo como uma criança mimada, mas somos exatamente assim, pois não temos em nós a sabedoria, e a sabedoria só está naquele que consegue escutar as intimidades do nosso Deus. Deixe sua sensibilidade ser trabalhada pelo Espírito Santo, em suas orações clame esta graça e escute o que o Senhor tem para lhe falar sobre este assunto, pois muitas vezes nossa oração vai por um caminho, quando nossa prática vai por outros, por vezes opostos àquele orado.
            Entenda algo muito importante, quando digo que peçamos ao Espírito que nos torne sensíveis não quer dizer que nós não somos sensíveis, ou éramos. Acontece que todo ser humano, vivendo nos tempos de hoje, em contato constante com o mundo moderno em suas dimensões, como meios de comunicação, culturas de massa, alimentação e vestuário, entre tantas, vem sofrendo gradativamente a perda de sua sensibilidade humana. Posso dizer que as pessoas estão deixando de ser humanas, pois duas fortes características suas são capacidade de pensar e raciocinar, ou seja, a razão, e a outra é a capacidade de sentir, de si compadecer, de amar. É urgente a necessidade de clamar ao Santo Espírito a restauração de nossa sensibilidade, a restauração do ser humano, no sentido mais profundo de ser aquele que expressa a maior beleza do próprio Deus, seus filhos. Temos neste ponto um dos principais problemas de nossa oração e vida espiritual, estamos sendo treinados para não sentir, para não escutar, para não entender, para não ser humano. É solapada a nossa inteligência e sensibilidade, e somos lançados no poço dos instintos. Perceba em que armadilha fomos colocados, quando falam por aí de sentimentos ou de sensibilidade, falam sobre satisfações físicas como prazer ou os sentidos. Hoje, as pessoas não amam, elas gostam. Facilmente as pessoas dizem “estou feliz”, quando estão alegres ou eufóricas, dizem que aprenderam quando na verdade decoraram, ou afirmam “isto é falta de sexo” quando se percebem tristes ou meio pra baixo. Veja, euforia, alegria e prazer são percebidos pelo corpo através daqueles sentidos estudados na escola, enquanto compaixão, misericórdia, amor, perdão etc. passam pela inteligência, pelo córtex cerebral, passam pela capacidade de pensar e sentir, estamos falando daquilo que nos diferencia dos animais, a mente e o espírito.
            Dizia que está aqui um grande problema em nossa oração. Como nos acostumamos à utilização exagerada dos sentidos como escutar muita música o tempo todo, alta, até para dormir ou estudar, por exemplo, ou como temos visto muitos casos na juventude onde se escuta música, assiste filme, estuda, joga, namora, come e malha, tudo ao mesmo tempo, desenvolvemos desequilibradamente nossos sentidos e atrofiamos nossa capacidade de concentração, de atenção, de interiorização, de silêncio, de pensar, de sentir interiormente, de criar valores e vínculos afetivos, e de perceber e conhecer além do olhar, o sentido da visão. Conhecemos, mas não sabemos, vemos, mas não enxergamos, usamos, mas não valorizamos.
            É por aquelas razões que, quando você para e vai rezar, não consegue. O barulho parou nos ouvidos, mas na mente não. As imagens não estão mais nos olhos, mas estão bombardeando a sua pobre memória. O corpo está completamente parado, mas o coração está batendo ao máximo e o corpo está cansado. As ondas do cérebro estão treinadas a funcionar em elevados picos, quando a oração exige leves variações. Nosso equilíbrio foi para o lixo e nós não conseguimos orar. Entendeu?
            Assim, clame que o Espírito de Deus, pela intercessão de Maria, ser meramente humano mais equilibrado que este mundo já conheceu, para que sua sensibilidade e racionalidade sejam totalmente restauradas. Esta é uma das principais curas de que necessitamos.

Troca ou não troca?

                Quando era menor havia um programa de tv muito famoso onde uma pessoa sorteada ficava dentro de uma pequena sala, com os ouvidos completamente tapados e com a visão limitada do auditório onde o programa se passava. O apresentador indicava um prêmio de cada vez para o participante e este, sem ver e escutar, ia optando entre trocar o prêmio que já possuía por outro, dizendo sim ou não. Como o participante não tinha noção do que já havia ganho, não sabia se deveria trocar o prêmio, passando a contar com muita sorte para ter um resultado final positivo. Era impressionante como víamos absurdos. Pessoas trocavam carros por brinquedos, eletrodomésticos caros por chocalhos ou petecas, aquilo era muito engraçado, pois as bobagens que as pessoas faziam eram enormes e quando elas saiam, muitas vezes, saiam com berilos, cotonetes ou bobagens para crianças. Nós ríamos bastante, mas imagino o quanto aquelas pessoas deviam ficar chateadas, a final depois de serem sorteadas e terem na mão grandes prêmios, jogavam fora e recebiam uma piada como recompensa.
                Lembro-me muito deste programa quando começo a refletir sobre as opções que fazemos na vida. A vida é muito rápida e há muitas distrações que podem nos encantar, acontece que as escolhas que fazemos quase sempre são irreversíveis e irreparáveis, e não há justificativas que façam isto mudar. A vida não tem um serviço de atendimento ao cliente – SAC onde possamos nos dirigir e ali abrir a boca e reclamar ou exigir outra escolha ou troca ou seja lá o que quereríamos fazer. Escolheu, está escolhido, fez está feito, não tem como apagar ou refazer, você pode até fazer de outra forma em outro momento de sua vida, mas naquela hora, aquela escolha jamais poderão mudar. Não há botão del, nem botão desfaz na vida. Isto se deve por duas principais variáveis que compõem a existência: o tempo e a nossa memória.
                O tempo faz com que nada volte ou retroceda. Não há pausas ou paradas ou recomeços. Ao iniciar nosso processo de vida no ventre de nossa mãe, jamais pararemos, ou melhor, estaremos sempre indo para algum lugar que escolhemos, ainda que esta escolha não seja objetiva ou clara, ao existir já estamos escolhendo. Eu escolhi estar escrevendo isto agora, este instante que estou aqui não voltará e não tenho como vivê-lo novamente, e se isto já não bastasse, terei que viver todas as consequências do fato de estar agora escrevendo estas palavras, por exemplo, poderia estar assistindo um filme, ou lendo um livro ou fazendo minhas orações, mas não, decidi estar aqui lhe escrevendo, assim, abri mão de outras coisas e como consequência, não terei aqueles momentos em minha vida, mas causo em sua vida os efeitos das minhas palavras e receberei de todas aqueles pessoas que as lerem uma resposta direta ou indireta e não tenho como evitar isto mais. Está feito. Parece-me que as leis de Newton também faz algum sentido em nossa humanidade, pois para toda ação existe uma reação, existe uma consequência que teremos a viver. E quando isto passa por nossa memória, então tudo ganha uma amplitude inimaginável. Nós já entendemos que não funcionamos como computadores, portanto aquilo que gravamos em nossa memória não exige um comando para salvar, já está sendo salvo tudo aquilo que vivemos em todos os nossos cinco sentidos e em nossas três dimensões, quais sejam: tato, olfato, paladar, visão e audição, quanto sentidos, e corpo, mente e espírito, quanto dimensões. Acontece que aquilo que nossa memória grava, de alguma forma, passa a fazer parte de nós e não temos como controlar isto, pois a grande maioria das coisas passa a ocupar nosso subconsciente e nosso inconsciente, e só temos domínio em nosso consciente. Vale ressalvar que mesmo assim, poucas pessoas tem o melhor domínio de seu consciente, mas isto é outro assunto. Muito daquilo que sonhamos é conteúdo de memória inatingível pela razão, inclusive o fenômeno deja vu é uma destas expressões de nossa memória inconsciente ou subconsciente.
                 Longe de mim querer que você entre em paranoia com isto. Contudo, precisamos dar melhor qualidade a nossas escolhas, cuidar melhor de nossa vida e ter noção mais precisa daquilo que estamos fazendo e que consequências podem ter. Escuto inúmeras pessoas reclamando da vida e de seus tantos problemas, atingindo tão fortemente seus sentimentos e os de outros, jamais se dando conta que a maioria daquilo que está vivendo hoje é consequência daquilo que vem escolhendo no decorrer de sua história. É melhor não querer tanto punir os culpados por nossos problemas, pois, se formos honestos conosco e com os outros, os condenados seremos nós mesmos.
                A vida é muito mais dura que aquele programa. Tenho visto homens e mulheres cheios de vida, pessoas felizes e cheias de Deus serem apagadas por suas escolhas mal pensadas, são relacionamentos escravizantes por carência afetiva, vivência de atos fora de seu tempo, falta de “não” e muitos “sim” ou muitas exclamações e pouquíssimas interrogações. Tem pessoas que não comungam mais, não rezam mais, não buscam mais Deus para viverem certas coisas que suas consciências bem indicam que não convivem com a vida que o próprio Deus lhes deu. Ainda me pergunto como as pessoas chegam a dizer que não sabem o que fazer, quando nossa própria razão tão bem alerta os melhores caminhos em nossa consciência, isto é marca indelével em nós, seres humanos, basta escutar a razão que nos indica e não a sedução que nos engana. Lembrei-me agora de certa esposa que já escutei reclamando do esposo e dizendo que sua vida estava destruída por aquele homem, e ainda: por que Deus fez isto comigo? Minha resposta para aquela mulher é que foi ela mesma quem o escolheu, não Deus, portanto assuma suas escolhas e redirecione sua vida na responsabilidade e não em reducionismos dialéticos. Da vontade de perguntar: por que você fez isto com você mesma?
                O câncer veio pelo cigarro que foi escolhido para fumar, a cirrose pelo primeiro gole que não se para mais, a mágoa pelo perdão que se decide não viver, a inimizade pelo orgulho que veneramos, o medo pela falta da verdade de saber quem se é... Há muitos caminhos, mas apenas um foi feito para nós, a questão é saber se estamos nele.
                Também não adianta se lamentar pelo que fez de errado ou que não foi tão bom assim. Assuma seus tropeços, peça perdão a quem deve pedir, reconheça a necessidade de mudar, faça de Deus seu melhor amigo e olhe adiante. Em minha vida, evito caminhos onde o Senhor não estará comigo, não que não tenha errado, errei muito, mas justamente por isto aprendi boas lições, pois as derrotas tem uma capacidade de educar que apenas os sábios têm em suas vitórias. Não queira mais agradar as pessoas e muito cuidado com seus mimos, nós sabemos o que este faz as crianças, imagine então o que pode fazer conosco, pessoas adultas. Troca ou não troca? É a sua vida que está em jogo, então para onde você quer ir?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Morte Cura!



                Hoje foi a missa de sétimo dia do pai de uma família de nossa Comunidade a quem estimo e amo muito. Após a emocionante e ungida celebração, encontrei com uma irmã, também de nossa Comunidade, que recentemente passou por situação semelhante ao perder o próprio esposo. Foi  um momento de escutar e sentir palavras de saudade, de dor e de amor, histórias reais de pessoas que resolveram viver neste mundo sem fugas, mas enfrentando suas tristezas e saudades. Não há vergonha em ser humano e sentir as dores deste mundo, quem é humano chora, sofre, luta... Horas vence, outras horas é derrotado, mas está vivo. Está na batalha.
                Amado que me ler agora, primeira coisa que tenho a lhe dizer hoje é que não se envergonhe de ser humano e sentir aquilo que uma pessoa naturalmente deve sentir. Lágrimas? Deixe-as vir, isto é natural. Emoção, alegria, empolgação etc. são sentimentos naturais ao ser humano e não devemos nos envergonhar disto. Por muito tempo diziam que homem não chora, como se ser homem é ser uma porta! Porta não chora porque não é gente, pois gente chora e quanto mais sensível, mais chora. Quero começar dizendo que o ser normal é ser humano e nada a mais ou a menos. Noutro momento falarei um pouco mais sobre isto, mas de antemão, preciso convidá-lo a não se envergonhar de quem você é, daquilo que você sente e daquilo que você faz com um coração sincero e puro.  Não se envergonhe de você mesmo, pois muito provavelmente você é o primeiro a fazer isto consigo mesmo.
                Neste turbilhão de sentimentos e emoções que a morte nos traz, tendemos naturalmente a perder a centralidade, ao menos em alguns momentos. Mas o que tenho visto é que nem sempre isto ocorre de forma saudável, pois a saudade vaza a alma e leva as bases de nossa existência, sendo, por isto mesmo, uma das mais importantes oportunidades de fincar nossa existência definitivamente em Deus. Perceba que a dor não tem como ser evitada e ela pode destruir ou construir, lembro-me de certa vez que perdi um amigo muito jovem e que, no velório daquele bom rapaz, o seu pai gritava e urrava  e chegava a fazer escândalos xingando Deus, foi uma cena lamentável, mas entenda, não foi lamentável pelos atos que aquele pai tinha ou as palavras que falava, não, jamais. Foi lamentável por aquilo não ser dito ou feitos na hora e no lugar certo. Eu tenho toda certeza do mundo que nosso Deus estava ansioso por escutar aquele homem com tudo que ele tinha para Lhe dizer, sendo justo ou não. É muito difícil repreender uma pessoa em situação de desespero e angústia, muito mais o Coração de nosso Senhor estava pronto para ter aquele homem com todos os espinhos que ele pudesse produzir, pois Deus é sempre assim, o melhor dos colhedores de espinhos nas rosas que são nossas vidas. Aquilo que destoa não são os espinhos, mas os espinhos nas mãos erradas.
                Quando a dor vier, não há problemas em dizer que dói, seja lá como você faça isto, mas faça no Coração do Amor, no peito chagado de Jesus. Em qualquer outro lugar a dor estará sendo inútil e sem sentido, pois não há absolutamente nada nesta vida que se perca, tudo, e eu digo tudo, tudo pode se tornar alavanca para o alto, assim como pode se tornar pedra que afunda nossa vida. Toda dor pode matar ou pode curar, pode destruir ou construir, enfraquecer ou fortalecer. Mas para que tiremos o melhor das dores elas precisam estar plantadas completamente em Deus, não há outro jeito. Dizia a pouco para aquela irmã, tudo isto que ela está sentindo e passando é preciso ser dito a Ele do jeito que ela quiser, deposite tudo aos pés de sua Cruz e olhe naquela imagem como se faz da dor vitória. Digo para você agora, deposite suas dores no lugar certo, não adianta sair por aí reclamando, esbravejando, revoltado com aquilo que você nem sabe o que é. Para de se enganar, isto não resolve. Como também não resolve o complexo da criança carente que fica com pena de si mesma, compreenda que agora esta dor faz parte de sua vida e que senti-la por vezes será comum, contudo você precisa saber enxerga-la com todo bem que ela tem para você e não como uma ancora que lhe arrasta para o fundo, sem sentido ou razão. Tenho visto homens e mulheres que estão se matando, enquanto os seus falecidos estão bem vivos diante Deus. Os seus foram para a eternidade, enquanto que eles desistiram da vida.
                É muito pertinente dizer que nenhuma pessoa falecida desejaria que sua vida fosse lembrada pela capacidade de retirar a vida dos outros. Toda pessoa que amamos realmente, deseja que este amor seja vivido mesmo quando os ares já não preencherem seus pulmões, mas que transformemos nossas vidas com aquele amor testemunhado agora através de nossa história. Quando dizemos que sentimos falta de alguém que viveu sua páscoa para a eternidade, quando sentimos uma verdadeira saudade de quem não está mais conosco, na verdade, estamos sentindo falta de todo bem que aquela pessoa representava em nossa vida. Parece que havia uma luz que estava bem acesa e clara e que agora não está mais lá. Diante desta ausência, não devemos passar a vida lamentando pela falta daquela luz, pela falta daquela vida agraciada para nós, pois assim estamos estagnando o dom que recebemos por aquela vida e não levamos esta perspectiva de vida, esta luz, este bem adiante, mas desfrutamos de forma egocêntrica e não partilhamos para que se perpetuasse nas vidas daqueles que estão conosco. A verdade é que marcamos a vida de todos aqueles que passam por nós com amor ou com desamor, com bem ou com sua omissão, com luz ou com trevas, e se recebemos tanto bem daqueles que nos fazem falta, então só podemos assumir em nosso ser aquele bem para entregarmos a outros que necessitam. Desta forma perpetuamos a existência daquelas pessoas preciosas neste mundo tão carente de luz. Ao mesmo tempo, aquelas pessoas, que agora estão diante de Deus, não esperam de nós uma vida menos digna porque nestes tempos já não estão conosco, se cremos que nossos amados estão em sua merecida eternidade, então nos cabe também em nossa história construir degraus que acessem o Céu e proporcionem suporte para vencer este mundo. É bastante claro que, quando falo sobre todas estas graças e dons e luz e bem, tudo só procede em Maria de Jesus. Não há luz sem sua Luz, não a bem sem seu Ser todo Bom e não há graça sem Ele que é todo Graça. Em Maria porque foi assim que Ele escolheu ser todo humano e todo Deus. Mas vamos adiante.
Nossa fé Católica sinaliza para nós a páscoa, ou seja, a passagem deste mundo de dores para a eternidade plena. Quando nosso corpo perde as suas funções fisiológicas e chega a sua falência, nosso ser, vivendo seu julgamento particular e estando digno para a eternidade, perde todas as suas mazelas e misérias, todas as suas doenças e deformações, todo mal se vai, ficando a mais pura pessoa que Deus criou. Voltamos à condição de santidade onde fomos criados. A morte, que aos nossos olhos levou aquele que amamos, de fato, curou plenamente e restaurou sua vida. A morte cura, e talvez seja por isto que muitos homens e mulheres do altar que chamamos de santos se referiam a morte como irmã, amiga ou companheira. Pois é, a morte cura!
                A morte curar é fundamento básico de nossa fé. Sim, pois a morte significa o justo fato que nos tira deste mundo de mazelas e nos introduz na plenitude perfeita, onde não há mais qualquer penúria ou fraqueza. Tudo em nós se ordena pelo simples fato da morte. Isto obviamente ocorre pelo processo contínuo de morte que a vida nos traz, onde a cada dia em que me torno mais velho, mas caminho para minha páscoa, por conseguinte, também é necessário que algo morra em mim hoje. Todos os dias, é necessário que eu sepulte parte de mim que não me fazia viver com dignidade a vida que recebi, coisas como o egoísmo, a inveja, a maledicência, a estupidez e tantas outras coisas que você sabe muito melhor que eu, e que fazem parte de você e precisam ocupar túmulos no terreno de nossa história, antes que nosso corpo ocupe o túmulo que um dia lhe caberá.  Dia a dia, a morte vai nos dignificando e nos preparando com pequenas curas para a cura eterna. Portanto, acontece que no dia em que a dor ocupa nosso pobre coração pela ausência de uma pessoa amada, esta mesma pessoa pode estar vivendo a sua cura eterna, assim, eu pergunto, e você? Está vivendo que cura neste momento?
                Lamento, mas não tenho palavras que sejam capazes de descrever a infinita satisfação e felicidade que é adentrar o paraíso. Não há neste mundo como dimensionar aquele momento onde somos todos em Deus, e, se permitirmos, poderemos, também nós que ainda estamos aqui na luta, receber em nossas vidas a cura que a morte nos traz. Plante sua dor no Coração de Deus. Flores não precisam ser as mais belas, mas precisam ser aquelas que consigo colher, então colha o que você tem, deixe que os espinhos doam, mas os deposite onde a dor gera vida, onde a morte salva. Seja flor no jardim de Deus.