Matriz Buenos Aires

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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Ela (parte I)

                Sendo Deus perfeitíssimo em tudo. Sendo Deus a própria Sabedoria e o Amor em pessoa. Ele sendo o Poder, a Justiça e a Bondade, doce criador do mais belo e incomparavelmente superior a todas as criaturas, onde o cosmo em sua infinitude misteriosa cabe na ponta de seu dedo menor – comparação desproporcional e meramente figurativa, pois de fato as proporções da realidade do Eterno não encontram palavras justas à sua grandiosidade e as formas se perdem ao descrevê-Lo. Ele, Misericórdia, mediante nós miseráveis e mesquinhos, encontro do Tudo e do nada, Universo e verme, soma de todos os sóis e a poeira. Pois o Tudo decidiu restabelecer o nada, torná-lo de volta a sua dignidade, o Amor queria o amado, ainda que este fosse a pior das criaturas, esta não poderia permanecer em sua ignorância, perdida ate de si mesma, pois sem a Luz, as trevas ganham o lar da alma humana. Quando Ele veio ao nosso encontro para plenificar nossa existência, tirar-nos da vida medonha, Ele, que jamais erra e sabe o melhor dos planos, procurou por onde. Como poderia se fazer a mais plena dignificação da humanidade? Como retomá-los de volta a grandeza de sua criação e restaurar o lugar de filhos? Como fazê-los entender que o mal não são eles, não está em sermos humanos, mas na corrupção que entrou em sua existência? Criados na perfeição, não é a criação o problema, mas o mal que adentrou as artérias da alma humana. Como fazê-los entender que eles são a obra prima e não a deformação? A pessoa é amada, os males que faz não. Parece-me que isto era um ato impossível e improvável de realizar, não havia como responder tais perguntas e prová-las, entretanto, sim, era para nós impossível, para Ele jamais. Sendo Deus, sabia como: se tornaria um igual, humano como todos, comum em tudo, exceto na corrupção. Mostraria que sendo Deus em sua Majestade não se tornaria menor ao ser homem, pelo contrário, o ser humano é tão pleno e superior na criação divina que pode conter Deus sem deixar de ser todo humano. Todo Deus e todo homem. Deus e homem, uma só pessoa.

                Mas como? Ser homem exige nascer de uma mulher, ser amamentado, ter uma mãe... ser filho. Como? Mais uma vez nossa cegueira nos ataca e não nos permite mais nada de saber, apenas a ignorância de nossas elucubrações inferiores que não atingem a perfeição de Sua Sabedoria. Saber o quê? Talvez seja esta a sua pergunta? Saber antes de tudo que Deus é Deus, assim, se Ele faz é porque é o melhor, o certo e o caminho a ser trilhado por cada um de nós que o buscamos. Não há outro caminho, esta foi sua escolha. Pois quando a Misericórdia se lança ao encontro do ser humano é porque encontra um lar propicio a seu habitar. Como habitar um lar imperfeito? Poderia o Tudo ser plenamente na imperfeição humana a ponto de nascer de uma morada corrompida, corruptível e corrompedora? Claro que não. Jamais. E nem pense nisto. Deus encontrou graça, Ele criou na perfeição aquEla para Ser. Em seu poder, que usa como lhe apraz, na salvação vindoura cujo tempo não é, mas já é antes mesmo de ser, o eterno permanece sempre, muito antes de existir aquilo que já passou. Ele trouxe a Graça para fazer nEla a perfeição necessária para ser sua Mãe, precisaria de uma Mãe para que todos entendam sempre que ser mãe é tão elevado na existência humana que até Deus precisou de uma ao se fazer homem. No entanto, sendo Mãe de Deus, Ele A faz superior a outro ser humano qualquer, infinitamente inferior a Majestade Divina, pois a humanidade sem o pecado se torna íntima de seu Deus. Com Ela foi assim, não menos Mãe do Homem-Deus em toda natureza materna, ao mesmo tempo, totalmente viva em seu Pai Criador por não ter mais qualquer barreira que Os distanciem. No entanto, Deus se faz seu Filho, Deus-Homem. Todo Deus se faz homem em tudo. Cada homem tem uma mãe, portanto, para ser homem e resgatar a dignidade humana, é necessário fazê-lo plenamente, vindo de uma mulher, mas se é Deus quem ali nascerá, precisa ser única. Ela conterá a divindade em seu ventre e, de sua carne, Deus receberá seu corpo e seu sangue. Corpo e sangue puros só podem vir da mais perfeita pureza – conterá Deus Perfeitíssimo. Não se tira água pura de poço contaminado e esta é a Sabedoria Perfeitíssima de Deus. Ele só poderá ser homem se fosse por aquela Mulher. E o tempo, conjugação dos verbos, nisto tudo, perde sentido e poder, e aquilo que será, já é para o vindouro já ter acontecido por Ela. Ela, no poder Altíssimo, possibilita o Verbo se fazer carne e, tendo habitado primeiro nEla, habita entre nós.

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