Matriz Buenos Aires

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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Obediência - quando o silêncio fala. (parte I)

                Hoje me ocorreu um fato singelo, mas bastante interessante. Precisava passar no apartamento dos meus pais para pegar algumas coisas e depois ir para casa, as obrigações me aguardavam. Como é de praxe, liguei para a minha mãe dizendo que estava indo e se era possível alguém descer para me entregar aquilo que precisava pegar. Ela me pediu que quando chegasse, ligasse pelo telefone interno do condomínio para a pessoa descer, no entanto, é bastante comum que desça enquanto estou indo para que quando chegar me entregue e possa ir mais rápido. Desta vez ela foi específica e pensei, chegando mais próximo ligo novamente para alguém já ir descendo, e era exatamente o que iria fazer se não fosse um fortuito pensamento. Veio-me como um flash: obediência. Pensei na hora, obediência! Sim, não, quer dizer, é isto. Sim, é isto que tanto nos falta, não, não irei ligar, mas chegarei e farei exatamente como ela disse e esperarei pacientemente embaixo do edifício. Foi assim que fiz e fiquei ruminando isto tudo em minha cabeça.

                Tantos erros em minha vida teria evitado se fosse obediente. Sofreria muito menos pelo simples fato de aprender com os erros dos demais, sem precisar eu mesmo ter que sofrer, mas escutando suas recomendações e ordens, faria aquilo que já é experimentado e sabido. Por quê? Vaidade, tudo é vaidade, assim já diz a Bíblia – Eclesiastes 1,2 – muito antes de meu primeiro inspirar. Nossa vaidade nos cega e nos faz trilhar caminhos intransitáveis. Acreditamos ser capaz de tudo, suportar tudo, ser tudo, quando de fato mal conseguimos ser nós mesmos. Envergonhamo-nos da própria voz – já escutou a sua? Provavelmente não, então grave, escute e se surpreenda. Mas não nos envergonhamos daquilo que fazemos com a única vida que temos, não percebemos que a obediência nos protege de graves e contundentes erros. Prepotência é uma palavra justa, não menos enfática e quer dizer: poder superior. Não é exatamente assim que nos achamos? Deuses. Acreditamos ser muito além do que somos, por isto erramos tanto, ferimos e somos feridos, pisamos e somos pisados, morremos e matamos. Não pretendo mais ficar falando o tanto de mal que nos faz a falta de obediência, peço que avalie em sua vida o tanto que você já errou por não obedecer. Se ao menos escutássemos um pouco, prestássemos atenção ao que nos é dirigido por aqueles que só nos querem o melhor, aqueles que realmente nos amam. Lembrei-me de bons pais que ansiosamente esperam por escutar a voz do filhinho chamar por eles... papa... mama. Talvez com a mesma atenção precisássemos ensinar, pelo bom exemplo, nossos menores a escutar, falar menos e sempre escutar bem mais e melhor. Dialogar. Cuidar, sem passar pela vida como tanques, pois não somos, mas com sensibilidade aprender a como andar, como dar cada passo, cada gesto e cada palavra. Dar e receber palavras, há aqui uma riqueza imensurável, inteligência de gente que vive, respira e não engole ventos como se fosse alimento para arrotar mentiras pouco depois. Gente que é e não representa, não tendo vergonha de errar, mas errando pelo desafio da vida e não pela teimosia da soberba.

Um comentário:

  1. É verdade, amigo. Obedecer é mais fácil, até, do que mandar, comandar.

    Quando a desobediência é motivada por uma certa convicção, um livre propósito, direcionados ao bem maior, menos mal (pode ser que a ordem não seja legítima). Problema maior é quando o que nos esquiva da obediência é o nosso orgulho, nossa vaidade. Aí seguimos rumo à destruição.

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