Hoje
me ocorreu um fato singelo, mas bastante interessante. Precisava passar no
apartamento dos meus pais para pegar algumas coisas e depois ir para casa, as
obrigações me aguardavam. Como é de praxe, liguei para a minha mãe dizendo que
estava indo e se era possível alguém descer para me entregar aquilo que
precisava pegar. Ela me pediu que quando chegasse, ligasse pelo telefone
interno do condomínio para a pessoa descer, no entanto, é bastante comum que
desça enquanto estou indo para que quando chegar me entregue e possa ir mais
rápido. Desta vez ela foi específica e pensei, chegando mais próximo ligo
novamente para alguém já ir descendo, e era exatamente o que iria fazer se não
fosse um fortuito pensamento. Veio-me como um flash: obediência. Pensei na hora,
obediência! Sim, não, quer dizer, é isto. Sim, é isto que tanto nos falta, não,
não irei ligar, mas chegarei e farei exatamente como ela disse e esperarei
pacientemente embaixo do edifício. Foi assim que fiz e fiquei ruminando isto
tudo em minha cabeça.
Tantos
erros em minha vida teria evitado se fosse obediente. Sofreria muito menos pelo
simples fato de aprender com os erros dos demais, sem precisar eu mesmo ter que
sofrer, mas escutando suas recomendações e ordens, faria aquilo que já é
experimentado e sabido. Por quê? Vaidade, tudo é vaidade, assim já diz a Bíblia
– Eclesiastes 1,2 – muito antes de meu primeiro inspirar. Nossa vaidade nos cega
e nos faz trilhar caminhos intransitáveis. Acreditamos ser capaz de tudo,
suportar tudo, ser tudo, quando de fato mal conseguimos ser nós mesmos. Envergonhamo-nos
da própria voz – já escutou a sua? Provavelmente não, então grave, escute e se
surpreenda. Mas não nos envergonhamos daquilo que fazemos com a única vida que
temos, não percebemos que a obediência nos protege de graves e contundentes
erros. Prepotência é uma palavra justa, não menos enfática e quer dizer: poder
superior. Não é exatamente assim que nos achamos? Deuses. Acreditamos ser muito
além do que somos, por isto erramos tanto, ferimos e somos feridos, pisamos e
somos pisados, morremos e matamos. Não pretendo mais ficar falando o tanto de
mal que nos faz a falta de obediência, peço que avalie em sua vida o tanto que
você já errou por não obedecer. Se ao menos escutássemos um pouco, prestássemos
atenção ao que nos é dirigido por aqueles que só nos querem o melhor, aqueles
que realmente nos amam. Lembrei-me de bons pais que ansiosamente esperam por
escutar a voz do filhinho chamar por eles... papa... mama. Talvez com a mesma
atenção precisássemos ensinar, pelo bom exemplo, nossos menores a escutar,
falar menos e sempre escutar bem mais e melhor. Dialogar. Cuidar, sem passar
pela vida como tanques, pois não somos, mas com sensibilidade aprender a como
andar, como dar cada passo, cada gesto e cada palavra. Dar e receber palavras,
há aqui uma riqueza imensurável, inteligência de gente que vive, respira e não
engole ventos como se fosse alimento para arrotar mentiras pouco depois. Gente
que é e não representa, não tendo vergonha de errar, mas errando pelo desafio
da vida e não pela teimosia da soberba.
É verdade, amigo. Obedecer é mais fácil, até, do que mandar, comandar.
ResponderExcluirQuando a desobediência é motivada por uma certa convicção, um livre propósito, direcionados ao bem maior, menos mal (pode ser que a ordem não seja legítima). Problema maior é quando o que nos esquiva da obediência é o nosso orgulho, nossa vaidade. Aí seguimos rumo à destruição.