Matriz Buenos Aires

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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Inteligência Relativa

Alguém precisa fazer isto com certa urgência. É necessário que alguém informe os mais diferentes tipos de seres, coisas ou fenômenos que eles não são aquilo que deveriam ser, não precisam se comportar como naturalmente seria, inclusive porque não se sabe mais, nestes dias de hoje, aquilo que é de fato natural. Você é natural? Qual sua natureza? Seria você, meu caro leitor, um ser humano ou outra espécie viva? E por favor não se ofenda, apenas quero lhe ajudar a se definir como ser existente ou não, uma vez que talvez você seja, mas não exista, ou exista sem ser, ao menos, humano. Acredito bastante em sua verdadeira estranheza ao que escrevo neste momento, mas apenas estou expressando aquilo que a relativização pode fazer com nossa inteligência. Quando tudo pode ser tudo, inclusive nada, toda e qualquer base conceitual, conhecimento ou verdade, por mais simples que seja, perde qualquer valia em todos os sentidos. Já não existem parâmetros, sejam eles quais forem, para chegar a qualquer conclusão minimamente plausível ou até racional, portanto, caminhamos de forma rígida para a absoluta perda da capacidade de pensar, em outras palavras, quando se relativiza a verdade, conceitos e conhecimentos, vai-se perdendo a capacidade de compreender e se ganha uma irracionalidade doentia, pois passa-se a negar o óbvio, em detrimento das capacidades cognitivas, a fim de negar a própria essência do objeto, ser ou fenômeno. 
Sim, alguém precisa dizer a água que ela não molha. O fogo precisa tomar conhecimento de que ele não queima, a não ser que passe a ser opção de alguém que tenha este poder de caraterizar a natureza. E quem teme este poder? Quem? Se você negar o divino, então a pergunta ficará ainda mais difícil. Faz-se necessário alguém que informe novas opções a tudo que existe, ajudando também a compreensão do que é existir, a fim de que o cachorro possa saber de deve latir ou miar. Parece absurdo a seu ver? Mas quando um ser humano em pleno desenvolvimento no útero de uma mulher não é compreendido como ser existente a ponto de permitir sua mais terrível eliminação, mas um ovo de tartaruga é visto como ser tão vital que se alguém ameaçar o ovo terá sua devida penalidade, então estamos diante do absurdo ou não? Mas o que é o absurdo? Desde minha infância fui educado a jamais entrar nos toaletes femininos, pois ali, assim aprendi, é o ambiente de intimidade das mulheres, não cabendo a presença de homem, e vice-versa, também o banheiro masculino deve ser respeitado enfim. O tempo passou e as verdades se foram como pó ao vento e sexo passou a ser opção, bem, se é opção então passem a fazer toaletes para todos os sexos passíveis de opção a fim de que minha privacidade seja respeitada, bem como daqueles que dizem ter feito sua opção, mas não invadam a intimidade alheia. A coisa passa a ser tão irracional que as ideias que apresento para você ganham um caráter de completa perda de parâmetros, você já conjecturou, em sua inteligência, um shopping com banheiros para homens heterossexuais, homens bissexuais, homens homossexuais, mulheres… Onde então iríamos chegar com tamanho raciocínio? 

Apesar de ser no mínimo estranho, estou sendo muito simplista. As questões mais graves e delicadas não seria capaz de entrar sem passar dias inteiros desenvolvendo todo pensamento necessário, e talvez o faça, entretanto, peço sua inteligência emprestada para que pense nas bases mais tenebrosas que estamos lançando em nossa segurança, nossos direitos e deveres, na saúde e no desenvolvimento tecnológico, e, principalmente, em nossas famílias e na educação de nosso pequeninos e indefesos filhos. Pense um pouco nos reais absurdos que se aproximam de nós quando abrimos mão de pensar e adotar verdades absolutas como natureza, por exemplo. Afrontar a natureza humana, em minha visão, é um dos maiores riscos que passamos a correr. Não é apenas dizer a lei da gravidade que o peso não é uma força, mas dizer a um coração que não bata, mas respire, ou às pernas que não caminhem, mas enxerguem. É fazer do ser humano, em sua total complexidade, objeto de experiências monstruosas, no lugar de estudar e buscar soluções para comportamentos e situações que simplesmente não compreendemos ainda. Isto não seria adotar a incompetência como êxito obtido? Ou optar pelo caminho mais fácil e cômodo do ósseo apenas para não admitir as enormes dificuldades que precisamos enfrentar? É, talvez seja muito mais fácil cruzar os braços e assistir a isto tudo, porém já estão entrando pelas menores brechas de nossas casas ainda que não queiramos. Estão logo ali na tv, nos jornais, nos livros, nos quadrinhos e parece que em tudo que temos o mínimo de contato, onde a omissão não nos defenderá de nada, pelo contrário, faz de cada um de nós cúmplices e defensores úteis destas ideias mortais. A omissão é o ato de injetar o veneno letal nas veias daqueles que mais amamos, inclusive em nós mesmos.

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