Matriz Buenos Aires

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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Amor Efetivo é Amor de Cruz

Caro leitor, não sei qual sua crença religiosa nem sei se acredita ou não em Deus. Muito embora entenda a grandiosa relevância de Deus na vida humana, saiba que de mim terá sempre o respeito e a busca da compreensão sobre suas convicções. Falo do divino e sua revelação a nós justamente por estarmos, nós cristãos católicos, a refletir nestes tempos sobre a paixão, morte e ressurreição daquele que, para nós, é a encarnação de Deus, ou seja, Deus que se faz homem na pessoa de Jesus para libertar a humanidade do pecado e de toda espécie de mal que a aflige. Entretanto, ainda que não tenha qualquer fé nesta revelação, Jesus, religioso ou não, traz-nos uma elaborada reflexão para nosso amadurecimento e crescimento, e é com o objetivo de maturar nossas ideias que escrevo nesta hora.
Voltar nosso olhar para o Jesus crucificado é enxergar efetivamente aquilo que denominamos de amor. Diante de uma sociedade hedonista e egocêntrica, onde a busca da partilha parece se fazer apenas para faxinar a consciência de nossos lixos e muitos excessos, onde os encontros servem como abastecimento insaciável de um prazer centralizado nos próprios delírios e fantasias, quando amar é tudo menos amor e aprendemos a dizer qua amamos a tudo menos o próximo, pois este está tão próximo que me espelha a mais profunda incapacidade de querer bem, pois a palavra amor se torna descabida. Nesta hora, nestes tempos, hoje, olhar para o Crucificado passa a ser a grande luz de alerta que a humanidade não sabe amar. Jesus pendendo no madeiro traspassa nossa alma perguntando se de fato há amor em nós, pois aquele que não sabe perder não sabe amar, aquele que não sabe morrer muito menos saberá perdoar e quem não perdoa pode fazer de tudo um pouco, menos amar. Obviamente que o exemplo apresentado por Jesus em sua paixão e morte é único e o mais elevado, no entanto, não podemos encobrir nossa baixeza pela grandeza apresentada por Ele, pelo contrário, precisamos entender que perdemos a direção do amor faz muito tempo, pois amor não é satisfazer-se, não é para si, mas primeiro para aquele mais próximo, para aquele desprezado que não tem como pagar um ato de bondade ou ainda aquele que esquecemos pelo caminho e passamos como se não existisse. Quem são estas pessoas em sua vida? Quem é este tão próximo, mas que seu olhar encontra as nuvens, mas não encontra ele? Quem são os que precisam de você e que não têm como retribuir a sua bondade?

Bondade. O amor é bom, mas e eu sou bom? Esta é uma boa perguntar para perceber o quanto o amor habita em nós. O amor é paciente, será que somos pacientes? O amor é fiel, e será que somos fieis? O amor é misericordioso e será que somos misericordiosos? É fato, o Crucificado vem nos apresentar inúmeras virtudes que caracterizam o amor, a pessoa que ama. Diante de cada uma destas virtudes se faz necessário um questionamento próprio e pessoal cuja resposta indicará o nosso amor ou a simples constatação de sua triste ausência. E é justamente na ausência do amor que a morte vai encontrando espaços em nossa existência, a amargura vai ganhando cômodos de nossa alma e o desafeto se instala em nossas relações. Não seria, portanto, isto a morte? Se você concorda comigo que se encontra nesta situação a morte espiritual ou mental, como queira o leitor, então iremos concluir que a força propulsora da ressurreição é justamente o amor que não se faz estático na dor e no se doar, mas atravessa a noite mais escura para iluminar esta mesma noite e questionar as trevas, onde está tua vitória? Morte onde estais? É desta forma que o amor vem nos dizer que se nossas pegadas não se fazem semeadura de vida é porque são sementes de morte. Dura realidade, mas não menos real. O princípio da ressurreição é plantar em vida amor efetivo para que, quando não habitarmos mais estas terras, possamos habitar as terras do Amor, sendo perpetuados, ainda que para aqueles menos crentes ou onde a fé inexiste, por suas almas marcadas, tocadas, perfumadas pelos aromas do amor. Olhando para o Cristo Jesus, deixemo-nos tocar pelo amor para que nossas famílias, pais, filhos, cônjuges, irmãos e amigos sejam marcados pelos perfumes do nosso amor. Seja lá onde sejamos, sejamos espelho do Jesus Crucificado.

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