Matriz Buenos Aires

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terça-feira, 1 de abril de 2014

50 de 64 - A ditadura velada

            Querido leitor, neste dia tão marcante para a história brasileira, sinto-me impelido a fazer alguns importantes comentários. Foi um período muito triste de nossa história, pois a violência tomou espaço. Em muitos lugares de nosso país, sabemos de situações onde a violência foi levada a extremos e a dignidade humana foi esquecida. No entanto, quando falamos deste período, damos extremada atenção às ações dos militares, pois foram aqueles que tomaram o poder público, passando a dirigir o Brasil, porém precisamos fazer justas e necessárias colocações quanto a isto. Travou-se nas terras brasileiras uma verdadeira guerra civil em busca do poder, da direção do país, portanto, se houve uma guerra é porque haviam dois lados opostos, de um lado os militares com suas bases tradicionais e impelidos através das marchas pela família a fim de que não ganhasse espaço o comunismo que já operava em grandes países do mundo com fortes regimes ditatoriais e opressão popular, dizem ainda que apoiados pelos Estados Unidos me virtude da Guerra Fria. Do outro lado, admiradores e defensores do mesmo regime comunista em voga naquele momento na União Soviética, em Cuba e na China, entre outros como já disse, verdadeiras guerrilhas aos moldes de Che Guevara cujo objetivo era a implantação do comunismo nas terras tupiniquins. Violência, torturas e estupides dos dois lados, desrespeito a vida humana de ambos os lados, pois não houve inocentes e, o mais importante, ambos levariam a uma ditadura. Ou seria os militares, como foi por vinte e um anos, ou seriam os comunistas que na União Soviética durou mais de oitenta anos, ou que até hoje governa países como Cuba.
            Ditadura é ditadura seja lá qual for o regime, seja lá qual for a gente. A retirada da liberdade humana, a opressão e o desrespeito a dignidade da pessoas, e a violência como base para manter o poder é inaceitável para qualquer ideologia política ou base social de organização, seja lá quem for. Se a ditadura militar no Brasil foi inaceitável e uma ofensa ao cidadão brasileiro, não seria menor uma ditadura comunista, como é até este exato momento a ditadura comunista em Cuba cuja violência e o desrespeito a seus cidadãos já supera em muito aquilo que nós brasileiros vimos acontecer em nossa história. Não podemos nos iludir com os discursos vazios que tomam nossa mídia e nossa atenção neste dia, pois a grande maioria daqueles que batem no regime militar iniciado em 1964, são enérgicos defensores da outras ditaduras, de outras formas de opressão e redução dos direitos civis. Lembremos que o governo federal, nestes últimos dez anos de poder, já tentou retomar a censura de outras formas menos latentes, é um grande admirador público do governo de Fidel e mostrou profundo diálogo e defesa de posturas autoritárias e irresponsáveis como o de Mahmoud Ahmadinejad no Irã. O que acontece, querido brasileiro, é que aquela guerra civil terminou, mas não se resolveu muito bem. Aqueles que mais batem na ditadura militar, são os maiores defensores e admiradores de outras ditaduras, defensores de outras violências como as de Guevara e outras opressões como as de Fidel e de Stalin. Não há absolutamente nada de bom em nenhuma delas, são ditaduras e oprimem a liberdade humana, isto é fato, mas o que também é fato é que aqueles que elegemos nos últimos anos têm noutras ditaduras suas referencias ideológicas e de poder. Estaríamos nós combatendo ditaduras ou votando nelas?
            Gostaria ainda de mencionar um outro aspecto relevante. É indiscutível que os métodos de toda ditadura são inaceitáveis, pois é quando o Estado assume para si a violência como via de controle de seus cidadãos e de sua sociedade. Entretanto, é de si pensar que nos dias atuais, em terrenos brasileiros, a violência, inclusive também aplicada e utilizada pelo Estado, é muito maior que aquelas dos anos de ditadura militar. Longe de mim querer defender qualquer tipo de violência, porém, não podemos ficar as cegas, como crianças inocentes, a combater apenas violência e desumanização de outrora, e aceitar as aberrações que vivemos em nossas cidades, pois hoje se tortura mais, se mata mais, se rouba mais, se violenta mais... Hoje, sem os militares a quase trinta anos, a violência em nada diminuiu, pelo contrário, só aumentou em volume e em requintes de crueldade, inclusive nas formas de protestar, como acompanhamos desde meados de 2013. Precisamos pensar melhor em nossa história, naquilo que fazemos para que tenha verdadeira relevância para o futuro de nossos filhos e não apenas repetir as palavras ocas daqueles que estão a espreita da primeira oportunidade de implantar seu poder opressor. Pois, pelo que entendo, quando se instala uma unanimidade em torno de seja lá quem for, como aquelas euforias hitlerianas, passando-se a perseguir qualquer opinião contrária, já tem instalada uma ditadura velada. A diferença talvez seja o bigodinho de um, e a barba de voz rouca do outro, ou apenas uma questão de tempo.

             

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