Querido leitor, neste dia tão
marcante para a história brasileira, sinto-me impelido a fazer alguns
importantes comentários. Foi um período muito triste de nossa história, pois a
violência tomou espaço. Em muitos lugares de nosso país, sabemos de situações
onde a violência foi levada a extremos e a dignidade humana foi esquecida. No
entanto, quando falamos deste período, damos extremada atenção às ações dos
militares, pois foram aqueles que tomaram o poder público, passando a dirigir o
Brasil, porém precisamos fazer justas e necessárias colocações quanto a isto.
Travou-se nas terras brasileiras uma verdadeira guerra civil em busca do poder,
da direção do país, portanto, se houve uma guerra é porque haviam dois lados
opostos, de um lado os militares com suas bases tradicionais e impelidos
através das marchas pela família a fim de que não ganhasse espaço o comunismo
que já operava em grandes países do mundo com fortes regimes ditatoriais e
opressão popular, dizem ainda que apoiados pelos Estados Unidos me virtude da
Guerra Fria. Do outro lado, admiradores e defensores do mesmo regime comunista
em voga naquele momento na União Soviética, em Cuba e na China, entre outros
como já disse, verdadeiras guerrilhas aos moldes de Che Guevara cujo objetivo
era a implantação do comunismo nas terras tupiniquins. Violência, torturas e
estupides dos dois lados, desrespeito a vida humana de ambos os lados, pois não
houve inocentes e, o mais importante, ambos levariam a uma ditadura. Ou seria
os militares, como foi por vinte e um anos, ou seriam os comunistas que na
União Soviética durou mais de oitenta anos, ou que até hoje governa países como
Cuba.
Ditadura é ditadura seja lá qual for
o regime, seja lá qual for a gente. A retirada da liberdade humana, a opressão
e o desrespeito a dignidade da pessoas, e a violência como base para manter o
poder é inaceitável para qualquer ideologia política ou base social de
organização, seja lá quem for. Se a ditadura militar no Brasil foi inaceitável
e uma ofensa ao cidadão brasileiro, não seria menor uma ditadura comunista,
como é até este exato momento a ditadura comunista em Cuba cuja violência e o
desrespeito a seus cidadãos já supera em muito aquilo que nós brasileiros vimos
acontecer em nossa história. Não podemos nos iludir com os discursos vazios que
tomam nossa mídia e nossa atenção neste dia, pois a grande maioria daqueles que
batem no regime militar iniciado em 1964, são enérgicos defensores da outras
ditaduras, de outras formas de opressão e redução dos direitos civis. Lembremos
que o governo federal, nestes últimos dez anos de poder, já tentou retomar a
censura de outras formas menos latentes, é um grande admirador público do
governo de Fidel e mostrou profundo diálogo e defesa de posturas autoritárias e
irresponsáveis como o de Mahmoud Ahmadinejad no Irã. O que acontece, querido
brasileiro, é que aquela guerra civil terminou, mas não se resolveu muito bem.
Aqueles que mais batem na ditadura militar, são os maiores defensores e
admiradores de outras ditaduras, defensores de outras violências como as de
Guevara e outras opressões como as de Fidel e de Stalin. Não há absolutamente
nada de bom em nenhuma delas, são ditaduras e oprimem a liberdade humana, isto
é fato, mas o que também é fato é que aqueles que elegemos nos últimos anos têm
noutras ditaduras suas referencias ideológicas e de poder. Estaríamos nós
combatendo ditaduras ou votando nelas?
Gostaria ainda de mencionar um outro
aspecto relevante. É indiscutível que os métodos de toda ditadura são
inaceitáveis, pois é quando o Estado assume para si a violência como via de
controle de seus cidadãos e de sua sociedade. Entretanto, é de si pensar que
nos dias atuais, em terrenos brasileiros, a violência, inclusive também
aplicada e utilizada pelo Estado, é muito maior que aquelas dos anos de
ditadura militar. Longe de mim querer defender qualquer tipo de violência,
porém, não podemos ficar as cegas, como crianças inocentes, a combater apenas
violência e desumanização de outrora, e aceitar as aberrações que vivemos em
nossas cidades, pois hoje se tortura mais, se mata mais, se rouba mais, se
violenta mais... Hoje, sem os militares a quase trinta anos, a violência em
nada diminuiu, pelo contrário, só aumentou em volume e em requintes de
crueldade, inclusive nas formas de protestar, como acompanhamos desde meados de
2013. Precisamos pensar melhor em nossa história, naquilo que fazemos para que
tenha verdadeira relevância para o futuro de nossos filhos e não apenas repetir
as palavras ocas daqueles que estão a espreita da primeira oportunidade de
implantar seu poder opressor. Pois, pelo que entendo, quando se instala uma
unanimidade em torno de seja lá quem for, como aquelas euforias hitlerianas,
passando-se a perseguir qualquer opinião contrária, já tem instalada uma
ditadura velada. A diferença talvez seja o bigodinho de um, e a barba de voz
rouca do outro, ou apenas uma questão de tempo.
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