Matriz Buenos Aires

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quinta-feira, 27 de março de 2014

Por que ruge o leão?

É no mínimo uma pergunta interessante. Pensar nela como uma filosofia animal é meramente diminuí-la, e muito menos desejo compreender ou desenvolver qualquer tipo de zoopsicologia. Não, jamais. Pretendo sim fazê-lo pensar um pouco comigo: por que ruge o leão? Por que rosna o cachorro? Escutei diversas explicações por estes dias: porque é um animal. Ou, porque está bravo ou coisa parecida. Nenhuma resposta errada, mas como estamos acostumados a levar tudo em nossas vidas, não com sensibilidade necessária, com a profundidade que me faz pensar.
Um animal rosna por se sentir ameaçado. Mediante sua fraqueza ou vulnerabilidade, o animal emite se som de ira a fim assustar a ameaça ou aquilo que acredita ser uma ameaça, muito embora, por vezes, não é de fato. Como quando um criador se aproximar para medicar seu animal, este não compreende a ação do homem e o ameaça com seus rosnados. Jamais devemos perder de vista que se trata de um animal, um ser irracional e mediante nossa inteligência, fraco. É a forma que ele tem para se defender, proteger-se daquilo cuja compreensão não possui. Não podemos fazer qualquer juízo do animal que age desta forma e, a esta altura, contando com a honestidade do meu leitor, você já deve já deve estar se questionando e não entende a direção que precisamos tomar, por isto, não vou mais me delongar a chegar ao ponto. Partindo de que compreendemos claramente a ação animal, portanto, pergunto-lhe: por que os seres humanos rosnam? Sim! Por que nós, seres inteligentes e racionais, rosnamos e latimos como feras ferozes diante de outros seres humanos, que talvez, e só talvez, estejam fazendo o mesmo? Assim, como os irracionais, qual fragilidade estamos querendo esconder? Que ameaça desejamos espantar de nossa presença? O que queremos esconder com nossa agressividade e nosso gritos ofensivos?
Parece-me deveras claro que fenômeno bastante semelhante acontece entre os seres humanos e os animais. Ambos, do seu jeito, ameaçam aquilo que julgam ser uma ameaça e com isto apresenta sua forma própria de assustar. Se os animais rosnam ou rugem, nós gritamos, fazemos muito barulho, quebramos e até batemos para afugentar aquilo que é minha fraqueza. Entretanto, só nós, pessoalmente, acreditamos que as pessoas não conhecem nossas fragilidades, que os outros não conhecem aquilo que carregamos tão arduamente dentro de nós, como um peso de ser aquilo que não se deseja, na mais profunda incapacidade de enxergar a grandeza que se é realmente. Normalmente, aquilo que tanto tentamos esconder se torna aquilo que obviamente é nossa fraqueza maior. Aquilo que você tanto deseja esconder, existe um grupo de pessoas que já conhecem muito bem e tanto mais intimas são de você, maior será o conhecimento. E talvez, e só talvez, conheçam bem melhor que você mesmo. Portanto, faça um bem a sua alma, pare de se esconder, acolha sua intimidade mais profunda e deixe ela lhe conduzir a sua grandeza e sua miséria, será o caminho mais honesto e mais libertador de sua vida.


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