Hoje
pela manhã me deparei mais uma vez com esta expressão: o que importa é amar. Mais
uma vez minha mente respondeu: e é? Mas o que é amar? Em tempos muito
estranhos, onde se perdeu a noção real das coisas e se relativizou por completo
os conceitos e as experienciais. Onde os fatos são sujeitos a ideologias e não as
ideologias aos fatos. Onde as pessoas destorcem as realidades para que melhor
se adequem a seus desejos e interesses, pergunto com muita tranquilidade: o que
é amar? Seria amar contrariar os limites fisiológicos de uma pessoa para que
esta se adaptasse aos interesses de outrem, com ou sem consentimento? Amar seria
viver dependente de tudo aquilo que fizesse sentir prazer ou suprir seus desejos,
ainda que de outras pessoas? Não estaríamos falando de vícios ou
desequilíbrios? Onde ficaria o respeito?
Respeito
– fundamento do amor. Onde não há respeito, haveria amor? Quando tratamos de
respeito, focamos de imediato o respeito mutuo, pessoa por pessoa, ser
respeitado e respeitar. Entretanto, antes de ir ao encontro do outro é
necessário se encontrar consigo mesmo, reconhecer-se e se respeitar. Quando há respeito
a si mesmo, estaremos bem mais próximos do amor próprio, e se não sou capaz de
amar a mim mesmo, o que darei então aos outros? Amor? Não creio que uma pessoa possa
dar amor a outro se de fato este amor não habita primeiro sua própria intimidade,
sua própria autoimagem, quem ela é diante de si mesma. O que também caberia ao
respeito. Cabe, portanto, mais algumas boas indagações: você se respeita? Respeita
os limites do seu corpo e de sua alma? O que tem feito com você guarda o
respeito? Se as respostas que vêm são não, talvez seja o momento de questionar
o amor em sua vida. Fazemos muitas coisas que acreditamos ser por amor e no
amor, mas se não encontramos respeito naquilo, muito menos encontraremos amor. Por
outro lado, precisamos compreender que respeito não é fazer tudo aquilo que
temos vontade, isto é egocentrismos. Quem passa a vida fazendo apenas aquilo
que quer jamais deixará de ser criança, passará uma vida infantilizada e
infantilizante – a expressão é minha. Nem tudo que queremos ou desejamos é bom
ou proveitoso, e tão logo começamos a enfrentar a vida encontramos escolhas a
serem feitas e decisões a serem tomadas. Escolher algo sempre será abrir mão de
outro. Portanto, não é porque desejo que ter seria respeitar, pelo contrário, o
respeito passa pelo bem, fazer o bem, construir e não destruir. Assim, se fazer
aquilo que desejo é edificante, então há respeito naquele ato, mas, do
contrário, se destrói, não haverá respeito, não haverá amor. Ou seria de
desejos que vive o amor?
É verdade. Amar é tudo, desde que seja com A maiúsculo, e escrito com suor e sangue, forjado no fogo e na doação ao outro. Afinal, Amar de verdade não custa pouco...
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