Matriz Buenos Aires

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quinta-feira, 20 de março de 2014

O que importa é amar?

                Hoje pela manhã me deparei mais uma vez com esta expressão: o que importa é amar. Mais uma vez minha mente respondeu: e é? Mas o que é amar? Em tempos muito estranhos, onde se perdeu a noção real das coisas e se relativizou por completo os conceitos e as experienciais. Onde os fatos são sujeitos a ideologias e não as ideologias aos fatos. Onde as pessoas destorcem as realidades para que melhor se adequem a seus desejos e interesses, pergunto com muita tranquilidade: o que é amar? Seria amar contrariar os limites fisiológicos de uma pessoa para que esta se adaptasse aos interesses de outrem, com ou sem consentimento? Amar seria viver dependente de tudo aquilo que fizesse sentir prazer ou suprir seus desejos, ainda que de outras pessoas? Não estaríamos falando de vícios ou desequilíbrios? Onde ficaria o respeito?

                Respeito – fundamento do amor. Onde não há respeito, haveria amor? Quando tratamos de respeito, focamos de imediato o respeito mutuo, pessoa por pessoa, ser respeitado e respeitar. Entretanto, antes de ir ao encontro do outro é necessário se encontrar consigo mesmo, reconhecer-se e se respeitar. Quando há respeito a si mesmo, estaremos bem mais próximos do amor próprio, e se não sou capaz de amar a mim mesmo, o que darei então aos outros? Amor? Não creio que uma pessoa possa dar amor a outro se de fato este amor não habita primeiro sua própria intimidade, sua própria autoimagem, quem ela é diante de si mesma. O que também caberia ao respeito. Cabe, portanto, mais algumas boas indagações: você se respeita? Respeita os limites do seu corpo e de sua alma? O que tem feito com você guarda o respeito? Se as respostas que vêm são não, talvez seja o momento de questionar o amor em sua vida. Fazemos muitas coisas que acreditamos ser por amor e no amor, mas se não encontramos respeito naquilo, muito menos encontraremos amor. Por outro lado, precisamos compreender que respeito não é fazer tudo aquilo que temos vontade, isto é egocentrismos. Quem passa a vida fazendo apenas aquilo que quer jamais deixará de ser criança, passará uma vida infantilizada e infantilizante – a expressão é minha. Nem tudo que queremos ou desejamos é bom ou proveitoso, e tão logo começamos a enfrentar a vida encontramos escolhas a serem feitas e decisões a serem tomadas. Escolher algo sempre será abrir mão de outro. Portanto, não é porque desejo que ter seria respeitar, pelo contrário, o respeito passa pelo bem, fazer o bem, construir e não destruir. Assim, se fazer aquilo que desejo é edificante, então há respeito naquele ato, mas, do contrário, se destrói, não haverá respeito, não haverá amor. Ou seria de desejos que vive o amor?

Um comentário:

  1. É verdade. Amar é tudo, desde que seja com A maiúsculo, e escrito com suor e sangue, forjado no fogo e na doação ao outro. Afinal, Amar de verdade não custa pouco...

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